Sunday 1 February 2009

Aliterar-se

Sabia, sabendo que teu tempo esgotara,
Esgotando-se ao encontro do mar,
Dos braços-afagos do teu ser a sonhar.
Fora bem assim que se perdera.

No uivo a uivar de vento
A redemoinho de não-momento
Que só queria o jovem corpo,
Por mais que fosse um pouco.

Que era ela a nova aurora,
O florescer de sua alma outrora.
Que é por ela que ele espera lá fora.

Havia, havendo as novas cores
Essas que em sempre o alegrará,
De tudo em todas os amores
Que só nela sempre será.

No tempo em passatempo de viva flor
Que ali-outrora apenas era botão-furor
Da jovem moça ao gentil libertino.
Que fosse, que seja, meu e teu destino.

Venceu, vencendo os fortes
Dos rios, dos fins - impaces -
Os fracos não subjulgados às mortes
- Essas que os encaravam face a face.

No gosto de algum gostar infinito,
Desses assim tão para alem de bonito.
No gesto, na vida de alguém
- na vida do meu Alguém.

Que era ela a nova aurora,
O florescer de sua alma outrora.
Que é por ela que ele espera lá fora.

Amando e chorando,
assim sempre, assim perpetuando
a verdade sobre estar amando.

Que era ela a nova aurora,
O florescer de sua alma outrora.
Que é por ela que ele espera lá fora.

4 comments:

  1. "Amando e chorando,
    assim sempre, assim perpetuando
    a verdade sobre estar amando."

    eu te a... desligou.

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  2. Aliterar-se... Que dizer? Sendo direto, direi como experiência minha, como leitor de poesias: Bob, seu poema é aquele tipo de poema que provoca na gente, de maneira sutil, algumas sensações já meio adormecidas (adormecidas pela nossa brutalidade diante da vida). Mas também é um poema que exige de nós um comportamento: para compreendê-lo devemos nos abster de qualquer tipo de impulso analítico; diante dele devemos simplesmente sentir. Deixemos nos embriagar pelo seu devaneio, pelo seu ritmo, pelas suas constantes aliterações, tal como folha seca na beira de um rio, que de repente se deixa levar pela força de sua correnteza. Seu poema também, pelo que pude depreender, sugere uma postura diante da natureza: algo que posso notar em Lívia, mas que no seu assume um conteúdo diferente. É aquilo que chamo de comunhão com todas as coisas. Seu poema tem nas entrelinhas - e isso é algo que eu e Anita percebemos - uma proposta de transcendência. O poema ficou lindo; e particularmente vejo em você uma poetisa em lapidação (e é bom que seja assim: sempre se lapidando...). Bem, por aqui fico: propondo um brinde a nossa pequena poetinha!

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  4. Mas ainda trata-se de uma visão superficial. Preciso acompanhar mais a sua produção, compreendê-la numa dimensão maior. Seria tosco (má-fé) da minha parte fazer julgamentos tendo como base apenas dois ou três poemas. Com calma vou lendo um poema aqui outro ali, e assim, espero, formar uma opinião mais segura em torno de Vossa Pequeneza. Bem, é isso..

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