Monday 29 December 2008

O Papel de Sonhar.

“Que romance fora aquele! Como pudera eu, ter passado tantas vezes por aquelas prateleiras sem o ter notado?! Não, não devia ter sido Eu aqueles dias... Definitivamente não era Eu. Isso sim.”

E é incrível que eu estivesse com aquela carta em minha mão, aquele pedaço de papel que para tantos estaria sem vida. Pudera! Quem imaginaria que as minhas idas à Livraria Cultura me levariam a viver por mim mesma alguma aventura que não fosse a digna de cada um dos livros que escolhia, ou melhor, que me escolhiam.

Mas sim, é como encanto que a cada livro venha acompanhado um novo pedaço de alguém – claro, você, bem sabe, não é leitor? Que cada palavrinha ou palavra, até palavrão, trás em si um pouco daquele que o proferiu em expressões das mais variadas, não é mesmo? – e em cada novo pedaço eu ia me apaixonando pela paixão depositada em cada experiência sobre cada novo livro que estava narrada naquelas letras trêmulas de tanto sentir.

Já se passaram meses em que toda a semana, naquela mesma hora do mesmo dia semanal que só poderiam me encontrar estagnada defronte àquela mesma prateleira, sempre vasculhando, sim, na procura do livro que estará fora da ordem alfabética, tão cuidadosa da gigante guardadora de fantasias em fantasmas de já mortos-vivos autores – a livraria. Pois bem ou que seja mal, não faria nenhuma diferença, afinal, o vínculo da constância que chamo vício já se engendrara, e não seria eu que o deporia de lado por qualquer temor, desses que assombram a mente humana atual, medo de todos e tudo. Não, eu não o faria.

E foi aí, nos exatos treze meses, no dia treze, era o meu mês fevereiro. E foi lá, parada vasculhando, que veio um toque suave, veio um sussurro:

“Que romance é esse! Como pudera eu ter tido tanto medo, ter espreitado por essas prateleiras, sem ter te falado algo por mim mesmo?! Era Eu aqueles dias, bem Eu. E agora sou, apenas Teu. Definitivamente, Teu. Agora, sim.”



Recobrei os sentidos, ao que parecia de emoção, eu desmaiara. Que surpresa, não havia livraria, não havia Ele. Eu estava no hospital. Coma. E ao meu lado: cartas, livros, laços e rosas. E em minha mão: “E agora sou, apenas Teu.”

Wednesday 24 December 2008

Espírito meu, Natal.


Natal. Tem anos que eu não sei mais o que é isso. Tem anos que eu vago de lar em lar, de país em país, e é sempre a mesma decepção...

Será mesmo que para sempre o sentido foi perdido será que para eternidade não haverá mais um único ser pequenino entre os homens e as mulheres que possa de novo fazer a beleza dos sinos surgir e a luminosidade dos pisca-piscas entreterem as crianças uma vez mais?

Pois te digo leitor, te afirmo com o resto de sopro de vida que meu bom criador me dedicou: Há! Por isso que estou deveras radiante nessa noite fria, por isso que estou aqui te contando tal fato surpreendente, pois também este me cativou...

“Quando menos eu supusera, quanto mais eu acreditava que a neve fazia a falta que sempre fez para me revelar o calor do coração humano, veio até mim aquele pequenino ser de luz, com seus olhinhos brilhantes e sua alva pele em contraste com os revoltos cabelos angelicais. Eu nunca o vira pelas ruas escuras do subúrbio em que sempre morei, nem me lembro se o vira, mas não sei ao certo, algo em mim afirmava que eu o conhecia profundamente, e não me atrevi a negar quando me estendeu os brancos pequenos e delicados para me abraçar, não. Eu não resisti em segurá-lo em minhas mãos e elevá-lo à altura de meu rosto, olhei-o nos olhos e o sorriso brotou sem qualquer aviso.

Ele, em sua simplicidade infantil, apenas deitou-se em meu ombro. E foi então que me sussurrou aquelas palavras inesperadas:

-‘Me leva até a minha mamãe’

Mas como podia? Como havia de ser? Uma criança tão pequena perdida daquela que havia de protegê-la em todos os dias de vida e de morte. Ah! Só o meu Senhor lá de cima poderia contar-me como aquilo havia de ter acontecido. O mais inacreditável foi a minha certeza de para onde ir, a certeza dos meus pais de caminharem sem nenhum temor pelas ruas. Era algo alem de qualquer explicação. Aquela pequena possui em si algo de motivador, algo que transcendia qualquer dever que me obriga-se a escolher outro caminho. Esqueci até dos meus supostos compromissos. Aquele era o maior de todos, era como a realização daquilo que esperei por toda a minha vida.

Andei. De vagar, sem pressa. Andei. Em um sorrir eterno e que jorrava a luminescência que estava em meu semblante.

Não temi a nada, não temi a ninguém. Apenas sentia o corpinho mirrado grudado em meu corpo, cedendo-me aquele calor pelo qual ansiava, cedendo àquelas certezas de sonhador que jamais deveria um homem abandonar.

Passou um tempo sem tempo. Passaram-se muitos desses. E as minhas preocupações tão mundanas, bem, eu não as mais reconhecia como importantes. Eu só sabia de uma coisa, eu só tinha certeza de uma coisa: aquela noite fora feita para mim, ela e a chuva que a coloria em regar. Era a minha vez de cantar na chuva, era a minha vez de sorrir para dar vivacidade ao farrapo humano que eu me tornara. Não fora simplesmente a chegada daquela criança, não fora simplesmente ela, mas fora eu mesma, fora por impulso daquele ser puro e inocente que eu ganhara novamente a coragem de não sair desistindo de todos que encontrava. E tudo isso ia rodopiando nas pontas dos meus pensares enquanto eu abraçava a menininha dos meus olhos com o afeto que eu jamais imaginara ser capaz de apresentar e expor.

Mas quanto mais andava, mais tinha certeza de não poder encontrar a mãe dela. Mais sabia que iria falhar. E mais queria poder não falhar. E quanto mais a criança sussurrava:

-‘Onde está a mamãe?’

Porém, não me afligia isso, não me tornava angustiada por não conseguir, eu tinha certeza que fazia o meu máximo e ela também. Ela confiava em mim, desde o primeiro instante. Amada. Sim, ela era isso. Ela ainda é isso.

E no meio dos meus jorrares ternos, o calor dela só me confortava mais e mais. Não havia mais o eu, não havia mais o ela.

Foi então, que me dei conta. Assim, como que do nada e como que do tudo. Ela não estava mais lá nos meus braços, ela não estava mais ali a me abraçar. Sentei-me no primeiro banco que encontrei, e tenho certeza, era apenas eu naquele banco. Uma voz fraca dirigiu-se a mim, mas não me assustei. Não era uma voz desconhecida, não isso não era. Voltei-me e dei de cara com aquela senhora que parecia ter muitos anos terrenos, mas em seus olhos tão azuis dizia-me ser só uma criança. Sim, ela possuía a pureza das esferas estrelares e o brilhar dos cometas. Desculpei-me, pedi que repetisse o que me dissera, e ela disse, olhando-me com os olhos que sorriam – sim ela era possuidora de três sorrisos: aquele dos lábios, aqueles outros de cada olho - , ela repetiu com total segurança:

-‘Finalmente, não sentira falta desse nosso silêncio cúmplice minha pequenina?’

Foi então que notei, ela não falava com a voz que surge de nossa garganta, a voz vinha de toda ela, e eu a escutava, fui responder... Mas, que maravilhosa surpresa, minha boca não se movia também, era como uma sintonia.

Não respondi a pergunta, apenas perguntei:

-‘Onde está a pequenina que abraçava?’

E ela sorriu com mais fervor que antes. Eu não entendi, nem de longe iria entender, eu não queria entender. Queria apenas sentir. Foi quando a vi fazer aquele gesto, aquele tão singelo. E senti que o repetia. Senti que escutava uma segunda voz:

-‘Eu voltei para você.’

Não precisei de mais nada para entender. Entender que finalmente a recuperá-la. Sim, ela voltara para mim quando eu já havia a muito dado-a como perdi em eternidade. Virei-me para perguntar como ela sabia daquilo, como podia saber. E a velha senhora dos lindos olhos já se fora, em seu lugar estava uma jovem, pouco mais que uns dezessete, mas eram os mesmo olhos, era a mesma. E me disse em seu mais sincero sorriso:

-‘Voltamos. Você minha criança e eu. Mãe e filha. Filha e mãe. Ao nosso conhecer de uma pela outra. Das conversas dos mais discretos olhares. Das conversas de só estar perto. Enfim, a minha pequenina voltou para si mesma. E as durezas de sua própria razão voltaram a submissão de seus sentires. Você voltou quando já não sentia mais esperança.’

E com uma lágrima nos olhos. Com o último olhar. Abracei- a. Eu sabia, era o nosso Adeus. Era a despedida, e era a reconquista dos anos que perdi por manter-me afastada. E lá estava eu, no mesmo banco, com a lágrima dançando pela minha face. Aparentemente desacompanhada. Mas em eternidade repleta da criança. Da minha criança, e da minha mãe me restara cada memória em verdade do que ela já o fizera para mim e que eu achara ter esquecido. Para alem de sempre, eu era a ganhadora dos abraços dela e dos ‘eu te amo’ mais belos que poderiam me ser dados.”


E hoje, nesse meu agora infinito, eu entendo: Como poderia querer encontrar aquilo que faltava em mim nos outros ao meu redor?



No fim, todos a sua maneira, retém e sempre

reteram essa mágica de encanto. E agora, a todos,

o mais maravilhoso Natal que poderia abater sobre

vossas cabeças e vossos corações. Ele, eu, ela, nós –

e nossos brilhos de Amor.

Monday 22 December 2008

Iê Iê Iê

Um transtorno neurótico que consome a mim como um narcótico, tal devaneio sutil-delicado. Domina-me melindrosamente em um aguardar pelo profano, mostra-se realmente insano. E quanto mais pudera: rio, e rio me perdendo entre desatinados-brandos momentos - vou até a sala de um cinema e já estou em plutão, no piscar dos olhos me encontro a desbravar o meu interior e vai assim sem sequência e nem coerência de lógica esquecida de pulo, salto. Recaio. E cada novo dia de novas luzes em cores, em novas cores em luzes... Vou bem que esquecendo qualquer que tenha sido a lágrima derramada, vou domando as minhas queixas de mal-amada, sim, pois sim, gero mais que tudo um não perante qualquer decepção. E acabo entre mentes de meus atos em constatar, como que por pura clarividência o estopim que já me foi dado (mas isso, ah, isso só serviria para enganar a frustração de saber que estava sempre lá), que não haveria de ser nem por definição boba de um dicionário repleto dos verbetes mais belos e profundos alguém a entender o que se passa em um poeta.

E afinal poetas são almas sem corpo que vagam pelo mundo fazendo os corpos-dos-sem-alma ganharem a maravilha do sentir e jorrar sensibilidade. É assim, como recriações em constante aperfeiçoamento, cada qual em seus momentos de poeta vai de uma ou outra forma tocando aquele que encontra-se ao seu redor, e é inacreditável o quanto uma única pessoa pode tocar a vida de tantas outras, e assim por diante vai-se formando a dita 'corrente do bem' (convenho que não me agracia de modo algum tal termo restritivo a pensares, mas por hoje o intuito de tudo está na busca de passar um entender, o sentir, por hoje, ´deixo-o em segundo plano). Claro que não da maneira utópica que por tantos seria considerada a verdadeira, mas da melhor maneira que qualquer um em sua pequenez e em sua grandeza podem fazer, com pequenos gestos, certos dias com um pequeno sorriso ou apenas um 'olá'.

Por isso me sinto como mais que verossímil como filha de uma natureza esquecida, como um parâmetro perdido pelos conhecimentos antigos, oras mais e oras pois, encontro-me no sentir de mais um dia entre tantos outros englobados na fatalidade de terminarem em lágrimas-sorrisos de uma tristeza-sem-razão de algum lugar perdido em minha própria constelação-aventura, e bem ali grito aos ventos dos meus ou dos apenas teus rebentos:
Choro! Grito! Porque eu posso.
Amo! Sofro! Porque eu sou.
Me cego. Me engano.
Eu, humana, como ti.



Talvez seja de ambos... Ainda não sei, e acredito não querer saber, aproveitemos o mistério de um confiar em desconfiança.

Thursday 18 December 2008

Em um sonho...

Gosto de deitar na cama, gosto de estar com meu curto pijama, olhar a brancura do meu teto, deixar-me com o pensar em profundo aberto. Gosto da noite, gosto quando aceitas o pernoite, agraciar meu espírito com tua presença, sempre naquela crença que no dia você não desapareça.

Porque eu sonho.

Sonho pelos meus jamais ocorridos amores
Sonho pelas mais divinas dores
Sonho para poder gritar que eu ainda sou humana
Sonho para todos os dias me sentir a mesma Juliana.

Sonho para nunca me abandonar sem crer
Sonho para ninguém mais me entreter
Sonho no desejo de simplesmente existir
Sonho na segurança que sou feita de sentir.

Sonhando com a plenitude de eterno
Sonhando que tu és mais que fraterno
Sonhando com a sábia vontade
Sonhando com o fim da crueldade.

Sonhar de atuar
Sonhar de um dia me doar
Sonhar na arte de sorrir
Sonhar sem jamais me partir.

Sonhando com a finitude infinita
Sonhando com a flor mais bonita
Sonhando com a minha Querida
Sonhando ainda de ter minha vida.

Sonho por ser simplicidade altiva
Sonho aos céus para ainda me ser tu, a Diva
Sonho com a coragem dos sonhadores
Sonho com a certeza de esquecer os pesares.

Sonho pelos meus jamais ocorridos amores
Sonho pelas mais divinas dores
Sonho para poder gritar que eu ainda sou humana
Sonho para todos os dias me sentir a mesma Juliana.

Wednesday 17 December 2008

Baladas.

Na valsa, no tango, ou ainda na salsa
não há outro par que em minhas mão quero ter.
Na valsa, no tango, na salsa
não há outro amar que possa meu coração entreter.

Que não seja aquele que das tuas mãos venha a me encatar.
Que em minha boca só ele irá arrancar
as palavras de um: "Para sempre vou te amar."

Sunday 14 December 2008

4th street.

Eu poderia tê-la deixado ir, partir no vagão de um trem qualquer, e te levarem para longe de mim.

Eu poderia ter rompido antes de você, ter deixado tudo tomar seu fim, mas sempre acreditei que tudo se resolveria.

Mas você acreditou que não agüentaria uma dor, dessas que me perturbam desde os primórdios da minha infância.

Eu poderia ter desacreditado em mim para segui-la, mas você nem me deu segurança para isso.

Eu poderia ter desistido da minha vaidade, mas você me abandonaria mesmo assim. Mas você não me conhecia o suficiente, você nem desconfiou que eu não reclamaria e simplesmente a deixaria bater a porta e sumir.

Ah! Querida, só peço que não volte mais, que no meu sossego posso me sentar na varanda. Posso ver o tempo passar e as cores do céu mudar. Eu sempre tive meus caminhos. Meus impulsos, e minhas escolhas. Sou bem assim. E está tudo bem.

Ah! Querida, só peço que não volte mais, que no meu sossego posso me sentar na varanda. Posso ver o tempo passar e as cores do céu mudar. Eu sempre tive meus caminhos. Meus impulsos, e minhas escolhas. Sou bem assim. E está tudo bem.

Friday 12 December 2008

Certeza.

Ventava nos arbustos, ventava como o último suspiro.
Ventava era no mar, em que Caronte viria, no teu divagar.
Aos teus olhos as moedas do pagamento ele deveria encontrar,
para que assim pudesse te levar, e não te deixar entre os mundos vagar.

No silêncio profundo, por entre os gritos da voz do mundo,
a tua boca veio a selar-se, e de teus lábios nunca mais ouvir,
nunca mais de ti escutar o eu te amo que me tocava fundo,
o eu te amo, que ainda hoje eu queria outra vez sentir.

Subindo por entre as nuvens, lá estava a ave branca a sussurar.
Subindo sim, para alem das nuvens, eu via o teu brilho ir encontrar,
aquele que a tanto você me contava, queria enfim te abraçar.
Que fiquei eu, mesmo a chorar, do pranto me levantar e te olhar.

Brilhavas, feliz, radiante como o mais alvo raio solar
que um dia na terra se propusera a se derramar.
Apenas, era aquilo que me bastava para eu seguir,
para em teu amor me sustentar e na minha vida ainda existir.

Sobre a vida, bem lembro, você dizia que eu nunca devia desistir.
Sobre a vida você me ensinava, antes de tudo, a graça de sorrir.
No fim, você brincava com as mãos pequeninas e meu espirito iluminava,
era você que na dor, era sempre amor. Era a parte que já me faltava;

Mas rias, o riso mais doce, nos lábios mais cativos dos meus,
e mesmo assim, me coração se partia, se despedaçava em um Adeus.
No desejo que em mim ainda ficava, no saber que nunca me abandonara,
e que não era ali que o faria. E no fim com flores te coroara.

No fim, em teu peito minha cabeça eu repousara,
uma última vez, em teus lábios estavam os meus, e a beijara.
No fim, em tua mão eu depositara a carta de amor que te fizera
na primeira olhadela que a anos atrás te dera.

Ventava nos arbustos, ventava como o último suspiro.
Ventava era no mar, pois Caronte já sabia, logo deveria vir me buscar.
Aos meus olhos as moedas do pagamento ele deveria encontrar,
Para que assim pudesse me levar, e não me deixar entre os mundos vagar.

E com todo o prazer eu iria me entregar, na certeza de logo te encontrar.
E na minha mão eu segurava a primeira carta, que dizia: estou a te amar
Que certo dia tu me entregaras, na tua timidez, e ao sussurrar,
Tu declararas: "eu vou, mas não te abandono, eu vou, e lá ficarei a te esperar"

Tuesday 9 December 2008

Floreios num bosque.

Certo dia, certo bosque,
na minha vida, coração.
Vi ao longe meu Amor
tomar-me inteira com emoção.

"Cigarreie!", disseram-me as cigarras.
E eu me perdi entre essas e aquelas falas.

"Criquile!", ordenaram-me os grilos.
E eu como outros, fomos seus pupilos.

Noutro dia, noutro bosque,
na minha vida de magia.
Via ao longe lindas cores,
ao som de doce cantoria.

"Borboleteie!", declamaram-me as borboletas.
E no poema se perdiam todas as letras.

"Floreie!", gritaram-me as flores.
Não sei onde, mas sei: Morriam de amores.

Noutro dia, Noutro bosque,
na minha vida de razão.
Vi ao longe grandes-pequenas
pessoas, ao som de uma canção.

"Esconde!", sussurraram-me os bichos-grilos,
"Para bem longe desse e outros martírios."

"Vive!", sorriam-me os bichos-do-mato,
"Que nesse dia é festa, ato a ato."

Cheguei-me mansamente,
sonhando alegremente...
A imaginar quem seriam
os reis daquela folia.
A acreditar em cada parte
a parte daquela salva melodia.

E mais um,
sem que nenhum:

Certo dia, certo bosque,
na minha vida, coração.
Vi ao longe meu Amor
tomar-me inteira com emoção!

Saturday 6 December 2008

Vícios de virtudes.

Ao ópio, ao vinho! Eu vou bem aos vícios me entregar. Vou passar todos os meus futuros a música escutar, as palavras tentar escrever, e quem sabe ainda um curta eu possa me prestar a fazer.

Que a minha mãe já me falou que sou o asco de toda a nação, que de casa meu pai já quis me expulsar. Acho que vou vagar toda a madrugada pelos prados, vou colher as primeiras flores que na manhã irão florescer. Acho que vou gastar todo meu dinheiro em um piano novo e vou tocá-lo todos os dias da minha vida até que meu anjo venha me buscar e deste mundo ridículo me levar.

Eu acho que vou viver até os 80, acho que vou a minha casa no sul da França construir, e a ela vou cercar com as árvores mais floridas. Vou passar meus últimos dias sentada na varanda a observar o tempo passar, exatamente como ontem. Eu acho que já deveria estar fazendo isso, acho que já deveria a tanto tempo ter me entregue aos meus vícios.

Quer saber, de fato nada mesmo já me pertenceu, que nada irá ainda aos meus braços se entregar sem por um momento titubear. Ah! Se eu bem pudesse o espírito hoje e ontem entregar - já o teria feito.Se o botão ‘destruir’ estivesse na minha mão direita eu jamais o apertaria, mas se fosse encontrado na minha mão esquerda eu nada poderia prometer.

Quanto mais poderia deixar qualquer lágrima pela minha face verter, que sou insensível. Que sou também uma mentira - quando afirmo isso. Não deixo a lágrima verter, pois mais me vale sorrir, e se ela verte, ainda assim sorrio.

Sim, eu vou enlouquecer,
Eu vou a minha vida perder.
Meu sangue vai verter,
Em cada linha que eu escrever.

Então me deixe propor,
Antes que eu saia desse torpor:
Deixe em tua mão eu depor,
Aquilo que eu chamo de Amor.

Que ninguém vai me impedir,
Nem em sonho deixarei de sentir,
Os beijos e as carícias do teu permitir,
Pois sei, ainda vais partir.

Meu coração vai se quebrar,
Uma revolução vai estourar.
E a minha vida alguém vai roubar,
Para com ela poder sonhar.

Que isso é mais um jogo e vencer,
Isso é apenas uma chance de esquecer,
Que em outros dias, não vamos mais ser
Nem de perto poderemos nos ter.

Então deixe nessa vida para trás a Dor,
Deixe que com a aquarela eu te encha de cor.
Com as sortes que ainda virarão horror,
Eu vou preencher o envelope com o mais verdadeiro ardor.

Para que na chuva eu possa existir,
Para que em teu abraço eu possa me redimir.
Dos meus pecados assim, eu vou cair.
Vou até as nuvens, como um Anjo subir.

E de lá longe vou gritar:
“Ah! Querida venha agora me segurar,
Venha agora tentar me amordaçar,
Venha mentir que está a me amar”

Sim, eu vou enlouquecer,
Eu vou a minha vida perder.
Meu sangue vai verter,
Em cada linha que eu escrever.

Wednesday 3 December 2008

O maestro, o escritor: a dança sobre um papel.


Aos sinos e aos acordes, aos sons de um violino, vou bem eu caminhar. Vou nas partituras os teus poemas ler. Vou em teu cantar me deixar esquecer. Vou assim, de sinfonia e de melodia, todos os ensaios de um ‘eu te amo’ declarar, para quem sabe um dia em teus olhos vaguear e sem mais nenhum titubear te contar que o maestro da minha alma tem um nome, que ele é bem amado, que ele foi sempre ti.

Quem sabe se eu não me abandonar numa esquina de uma rapsódia, eu de fato ainda possa te amar, de verdade te adorar, e de ti escutar que vais sempre me amar. Mas ainda me restam os medos, me restam as batidas de um tambor – de um coração tão medroso.

Quem sabe, eu ganhe a coragem, ganhe e vire ainda um tango, quem sabe assim na dança eu venha te trazer o meu encanto...

Mas bem sabes que o que faço, que as minhas artes são no papel, bem sabes que meu mundo foi feito por versos, que cada um dos meus olhos guarda as mais verdadeiras e preciosas rimas...

Parece até que deixamos cada um seguir seu caminho, cada um seguir o seu traço, em seu papel de carta e em sua partitura. Mas tem uma hora que só basta olhar para trás, e ver que não foi assim tão estranho, que não fomos assim tão tolos em querer nossos corações entregar.

Parece até que para sempre nos amamos, parece ainda que me foi hoje feita aquela canção de amor e aquele poema que nunca a seus olhos mostrei. Mas de que vale se ainda me falta a coragem, me falta ter certeza que cada qual está bem, que cada qual agora vai poder ir até o fim, sem nenhum passo para trás querer dar...

Olha bem o que fizemos. Olha bem os olhos que ganhou, e olha mais ainda a arte que me deixou, pois foi como fluxo inspirador, foi como a fonte do pássaro-rouxinol aquela que em meus sonhos você encontrou. Desde que a vi, desde que teu abraço em meu corpo eu senti...

Que podemos juntamente, os medos enfrentar, que podemos a todos olhar e fingir que não nos olhos, pois não há mais nada tão belo quando o poema da alma musicado, pelas mãos do meu maestro....

E às vezes quando sinto-a perto de mim, quando a vejo passar pelo outro lado, pela outra esquina, eu poderia me atirar, poderia sem medo a rua atravessar só para mais um dia poder em meus braços te segurar. Queria em teu rosto deixar a minha mão passar, e em teu cabelo te fazer o agrado, que depois eu poderia muito bem me deixar vento virar, poderia muito bem com um sorriso nos lábios a vida abandonar.

Que eu quero uma única vez, em teu ouvido sussurrar, assim baixinho recitar todos aqueles escritos que as estrelas me ensinaram a fazer, todos aqueles rastros luminosos da caneta no papel a desenhar as palavras que se tornaram cometas-verdades.

É um amor indolor, é um amor de cor-em-cor. É a poesia da alma musicada, é o bosque das palavras certas. E é antes de tudo o brilho que eu sabia em teu olhar, quando você parava e ficava a me observar.



Talvez hoje, eu já tenha perdido meus medos. Talvez ontem, eu já tenha aprendido com meus medos. Talvez amanhã, os deuses venham a me perdoar. Mas que eu não quero sair dessa vida sem a tua mão mais uma vez poder segurar, que não posso me deixar aos céus carregar sem que uma última dança me venha rodopiar.

Monday 1 December 2008

Cosmonauta e sua estrela.


Quando não há mais volta, quando não há mais rotativo. E eu já bem sei, que me tornei, como a estrela cadente, como a cauda de um cometa ardente. Não vou mais é te ligar, não vou mais em teus olhos olhar e de longe eu bem vou gritar um Adeus dos mais frios, um Adeus dos mais mentirosos. Porque em mim, bem ali escondido, eu posso te contar, nunca em minha vida o meu cosmonauta eu iria querer abandonar.

Mas vai, segue pela direita, e não se perca por entre o meu e o teu planeta. Volta para casa Cosmonauta. Você bem sabe que é lá que mora teu amor, você que me contou...

“Que os cabelos dela são os raios mais brilhantes de todo o sistema solar, que o azul que em seus olhos habita, é mais infinito que o universo com seu breu e que aquele sorriso que aparece nos lábios dela é mais ardente que qualquer calor advindo de uma estrela em super-nova.”

Mas volte, volte pela a esquerda, dê a meia volta. E venha em meu brilho se perder, venha se deixar esquecer. E vamos juntos, como um. O Cosmonauta e sua estrela cadente, o universo conhecer. E vamos juntos, como um. Todos os mistérios da lua desvendar, e em nossos corações guardar, o beijo em cometa. Agarrar com as mãos sem tremer, um anel de Saturno. E pular por entre as galáxias. A ela você bem pode esquecer...

“Que os cabelos dela são os raios mais brilhantes de todo o sistema solar, que o azul que em seus olhos habita, é mais infinito que o universo com seu breu e que aquele sorriso que aparece nos lábios dela é mais ardente que qualquer calor advindo de uma estrela em super-nova.”

Meu Cosmonauta, bem ele sabe, que eu sou ela, que sempre fui ela. Que aos céus já subiu, que estrela já virou. E que ao bom Deus rogou, para a cauda ganhar, para assim pelo mundo vagar e a ele procurar. Que ele me diga sim, que ele, enfim, possa me conhecer. Que a promessa que eu fiz, foi ela...

“Que meu Cosmonauta eu vá procurar, que a ele eu vá achar. E que ele veja em mim o seu amor, que ele veja em mim o seu amor. E se ele decidir me deixar, decidir para seu planeta voltar que me peça para ir com ele, mas que não me deixe. E se ele decidir ficar, que me peça para sempre o acompanhar. Que nunca ele venha a desejar que de sua vida eu suma, pois bem sabe o meu Deus, que se ele o fizer eu vou ao buraco negro me enterrar, eu vou para lá me acabar.”



Noutro dia antes de partir, me olhou com aqueles olhos negros e brilhantes, como o universo possuidor de uma única estrela, uma única escolha, tão sua. Por entre as mechas de seu cabelo ondulante ele veio se despedir e tentar pela última vez me tocar. Mas já com o pensar de nunca poder o fazer...

“Espera meu Cosmonauta, meu brilho eu vou diminuir, meu calor e meu frio eu vou extinguir, e sem as queimaduras você vai sair...”

“Não, não o faça. Eu quero mesmo tentar. Quero a mim provar o sonho que ontem tive...”


“Que sonho haveria de ser este que está a te perturbar?”

“Não é perturbar, é me dar a esperança da felicidade.”


E com toda a firmeza que eu não poderia nunca ter acreditado, ele estendeu as mãos e os braços e para mim se jogou, firmemente ele me abraçou. Me olhou com carinho e sussurrou...

“Bem sabia, era você minha vida. Bem sabia, era você a minha Querida.”

E os cristais de mim se soltaram, os meus medos de meu brilho abandonar foram caindo, foram um rastro formando... Eu via, eram como pegadas, eram como palavras de amor, eram os versos do nosso poema...

“Ah! Anjo, meu anjo, meu único e eterno amor.
Como podes um dia duvidar, que eu fosse te encontrar...
Bem sabes, oh vida, querida, sem tirar nem por,
Sempre teu eu fui, e juntos agora vamos brilhar.

Vamos aos namorados iluminar,
Vamos com nosso amor pairar
Nas flores do campo festejar
Vamos gotas de orvalho nos tornar.”


Em meus braços eu vi, que agora o entorpecia, vi que nos seus eu de fato existia, e fomos caindo, fomos cada vez mais devagar nos acabando e em gotas de prata nos transformando. Fomos, juntos, nossos espíritos libertando. Virando as almas-de-vento, virando para sempre aquele eterno momento.



Amor de verdade, é aquele da doação
É aquele que arrebata qualquer coração.
Amor de verdade, é aquele que te toma pela mão
É aquele que te faz para sempre esquecer da razão.

Amar de verdade é dádiva do divino, do esplendor.
É aquilo que vem como água do mar de depor
Na face os sais, os cristais, que se chamam cor-em-cor
Amar de verdade, é pode gritar “suporto qualquer dor”

Só para te dizer que jamais poderia te abandonar,
Jamais poderia um dia sem ti vir a brilhar.
Só para em teu ouvido sussurrar
Um: “Para sempre vou te amar”

Cosmonauta e sua estrela cadente
Cosmonauta em chuva de prata
Cosmonauta e sua vida agora ardente
Cosmonauta em verdade nata.

Amor de verdade, é aquele da doação
É aquele que arrebata qualquer coração.
Amor de verdade, é aquele que te toma pela mão
É aquele que te faz para sempre esquecer da razão.

Sentindo que na vida, tudo virou infinito,
Sonhando que no mundo tudo ganhou sentido
Sentido que no suspiro, não há mais o maldito,
Que o mundo inteiro virou-se em Amor expandido.

Do Cosmonauta e sua estrela cadente,
Do Cosmonauta em chuva de prata.
Dos dois amores, agora em paixão ardente,
Dos dois amores em eternidade nata.

Saturday 29 November 2008

Lá longe no mar...

Lá longe no mar, alem dele estará
Cinza cidade, de pedra e carne
com sangue a jorrar, ela gritará
PERDIDA, caminhando no cerne

Nascida não sei de onde, talvez
vinda de sol de chuva, vento de vez.
Mentira de criança que brota sutil
mais no horizonte, mais que anil

Surge assim, jovem de vida
de tão diferente de tão linda
ela afirma o que quer, sorri
ela sim pode dizer VIVI

Entre berros, os abraços
Entre os choros, os amores
Ela que quero em meus braços
beleza minha que não vê dores.

Vai alem, busca aquem.
No lamento de outrem,
numa reza sem um amém.
Ela é de ninguém.

Uma vida de passagem, ela irá
viver lá longe no mar, alem dele estará

Friday 28 November 2008

Espasmo!

Abrupto, parou o Tempo e olhou,
olhou com aqueles olhos de maresia
de uma maresia que devaneia o devaneio.
Devaneio de criança que sonha.

Num sonho da mentira mais verdadeira
de uma verdade mais mentirosa que o bater...
Bater das borboletas e suas asas!
Bater das borboletas sem suas amarras!

Ah! Belo - foi o momento parado,
aquele do Senhor Tempo, atemporal
em toda a sua majestade majestosa.
Aquele que modifica o eterno-infinito.

Imaginário, ele continuou vagando
pelo caminho métrico-assimétrico
do homem mais humano da teoria
e mais brisa que o soar da melodia.

Ficou, pois, assim, na alma, na calma,
sem fala e sem trauma. Poesia!
Bendita, do Bendito-Maldito
Tempo!

Que no fim, apenas te transpassa,
que no fim, apenas te abraça.
Do nascer ao poer do brilho da mente
do homem-estrela; no fim - Abrupto!

Thursday 27 November 2008

parte(a)parte

-NÃO FAZ SENTIDO-

Agora que eu estudei, tive toda a minha formação educacional, voltei-me a um questionamento antigo, a uma frase que ouvi tantas vezes, e por costume acabei por utilizar diversas outras.
Desde criança, escuto os outros dizerem: “não faz sentido”. Dizem isto para frases que outros proferiram.
Eu te amo. Não faz sentido.
Eu me sinto estranha. Não faz sentido.
Eu confio em você. Não faz sentido.
Por quê? Será que tudo tem que ter sentido real?
E a partir daí me peguei formulando uma corrente de pensamento.

-FAZ SENTIDO-

Se não o fizesse não haveríamos de sentir isso. Se não tivesse razão de ser, não seria. O problema está em não sabermos acreditar no que não podemos tocar, no que não podemos ver. A nossa desconfiança para conosco mesmos, por não conhecermos a si e aos outros.
Agora. Não quero mais eu dizer isso. Não quero mais eu não saber o que tem sentido. Apenas eu quero ser livre, livre dentro de mim, ao menos. E deixar-me ser humano, deixando-me acreditar no que acredito, não tendo um porquê, mas sim, a minha intuitividade.





Agora possuo um perfil em www.recantodasletras.com.br

Tuesday 25 November 2008

wonder(ful)

Imagine um caminho, um mundo novo e uma nova história.
Como novo ramo de flor, são meus relógios quebrados,
cacos que foram, vida agora são.
De mais bela rosa tornou-se,
pura e adorável confusão.

Chamo-a, pois assim, sem melindres nem inconvenientes,
apenas escolhas que fiz.
Com eternidade em sorrisos
o caminho de rosa de uma confusão
foi por mim enfeitado.

Nessa busca que todos fazem,
todos por um espaço, seu espaço.
No brilho das estrelas,
no canto dos pássaros
São nessas horas que fico me perguntando
por que perdi tanto buscando?

Ninguém poderá tirar isso de você
Ninguém vai tirar isso de mim
Você e eu, nós, atrás da felicidade
e ela aqui dentro, sempre como sempre
e ela aqui dentro, sempre como sempre

Buscando algo que sempre esteve,
dentro de mim, dentro de mim
Por que todos, ainda teimam nesse erro?
Que também foi meu...
Não deve ser tão difícil, ou será que é?

Ninguém poderá tirar isso de você
Ninguém vai tirar isso de mim
Você e eu, nós, atrás da felicidade
e ela aqui dentro, sempre como sempre
e ela aqui dentro, sempre como sempre

Imagine um caminho, um mundo novo e uma nova história...

Monday 24 November 2008

(de)u(graça)s

Você me conhece como ninguém
Você me ama como ninguém
E seu nome foi perdido
na poeira das estrelas
E sua vida se jogou
pelas escadas do destino

Eu não espero mais nada
Eu não quero mais nada
Porque eu sei que foi você
Porque eu sei que era você
Como em um princípio
Como em um eterno

Não existem mais buscas
Não existem mais desfechos
Ficou você, Ficaram nós
Entre caprichos e milagres
Venha comigo, até o céu
venha comigo, até o inferno

Para onde vou não importa
Para onde fui, me esqueci
O agora é você, mãos dadas
Completo, o eu, o você
Infinito, o ser, o estar
Para sempre contigo viver

Você me conhece como ninguém
Você me ama como ninguém
E seu nome foi perdido
na poeira das estrelas
E sua vida se jogou
pelas escadas do destino

Sunday 23 November 2008

mentira-verdadeira

E ela o beijou delicadamente
Olhou profundamente, amou-o
E lhe contou aquele segredo

"Meus lábios encontram prazer
nos lugares mais incomuns"

E ele sabia, era apenas um sonho
um jovem colhedor de flores
Em outros dias um contador de histórias

"Meus lábios encontram prazer
nos lugares mais incomuns"

Foi isso que ela lhe disse
Mas ele sabia que era amor
De praxe. de acaso,
de mocinho e mocinha

"Meus lábios encontram prazer
nos lugares mais incomuns"

Romance de amor, de verão.
Que o vento tomou, e levou
Cai agora chuva dourada

E ela o beijou delicadamente
Olhou profundamente, amou-o
E lhe contou aquele segredo

Para sempre guardado, lembrado
Adorado romance proibido, amor
Meus lábios encontram prazer
nos lugares mais incomuns




ps: não sou boa com títulos, fato.

Saturday 22 November 2008

des(tino)acreditar

Como que eu me encontrei flutuando de encontro àquela estrela iluminada?
Sinceramente, isso faz parte de um dos mais misteriosos mistérios que eu já participei. Isso me faz sentir que perdi a sensibilidade e o toque de saber quem já fui e quem eu possa ser em cada mínimo espasmo temporal do corpo-espaço. Mas eu mais nada sei, mais nada deva eu saber enquanto meus momentos se esquecem de mim mesma e eu afundo, afundo ao me perder em um olhar de paixão e de amor que tantos já vieram até mim tentando encontrar uma razão de um motivo por mérito ou por desgosto do que tudo venha a ser.
Divagável e contudo ainda assim tal real irrealisticamente. De um momento para outro trata-se mais ainda que tudo um fundamento, ou como um fundamento, ao menos. Ainda não sei se possa ser algo assim tão claramente. Práticas sucessivas e descriminadas de loucura-lunática que vai se perdendo entre o abismo de minha alma e daquela outro logo ali, ao meu lado e tão distante como um outro universo qualquer, e no fim eu descubro que era um paralelismo que interferia, mas é exatamente isso que transmitia certo encanto a magia instantânea que provocara ao cruzar as linhas, num ângulo rotativo e modificável.
Deixe eu, pois abandonar tals causos sem rotina e linearidade e partir até um ponto um pouco mais fixo e menos surrealista do que qualquer vivência relativamente absurda que minha pessoa pudesse possuir até mesmo em um sonho obtuso-fenomenal. Volteei por demais e delongadamente sem rudimentos capacitórios de uma harmonia que deseja dia-a-dia e após-dia ser formada. E a pergunta inicial tão grandemente banalizada no esquecido protótipo de início, sim, já me recordo de qual fora: Como que eu me encontrei flutuando de encontro àquela estrela iluminada?
Desacreditadamente. Aí está a esperada resposta, de quem já não esperava mais o surgimento de aparecer a hora certa. Quando mais que tudo desacreditada e desfundamentada que de tamanha esquisitice por um momento ou outro entre melindres mais fundamentada e cheia da arte de acreditar plenamente em tudo eu aparentava ser estando como disse antes do limiar do não em mim me abandonar. Quase como um princesa a janela daqueles contos de fadas que a mim foram lidos na infância duradoura dos dias ainda de hoje, esperando eternamente no perene devaneio de a mim chegar a beleza daquele que a mim deveria tanto amar.
Contraditório. Sim, talvez realmente seja e talvez eu realmente houvesse desacreditado até da minha própria pessoa, mas por mais que isso possa vir a possuir a realidade transmutada da real verdade de minha parte, eu manterei até os confins do mundo e do destino minha fé perenemente no conceito de não deixar que lúdicos pensamentos possam vir a conturbar a minha visão de mundo e de tudo aquilo que tenho certeza cheguei a aproveitar até os últimos suspiros de vida do pulsar humano de uma flor do jardim de sol lunar que habita em minha imaginação.
No fim, não seria eu nem ninguém mais que conseguiria obter uma resposta satisfatória para um feito memorável de tão surreal-imaginário que ele fora, pois ela é inexistente até no mais profundo imaginar de pensamentos que algum ser habituado ou não ao mundo poderia realmente em si descobrir. A verdade disso tudo existe e co-existe na grandíssima arte do extraordinário senso (in)comum e nadissimamente não normal de anormalidades, trata-se da beleza simplória da criatividade do sentir, mais puro, mais que um fonte que insiste em jorrar e invadir-evadindo, com a amabilidade do mais doce e sutil carinho, daquele(s) que sabem Amar o Amor amando a amável versão de si mesmo refletida no outro logo ali, como sempre esteve... Trata-se do retirar o paralelismo e deixar o ângulo rodar e rodar, infinitamente e tornar-se único.

Acreditar, conclusão fundado no nada fundamento de quem não sabe de fato o que este venha a ser, mas sabe que pode senti-lo, não ainda da maneira desejada, e não ainda da maneira que deva vir a ser. Mas que consegue que se deseje claramente que isso ocorra. Com tudo que pode de sua simplória vida humana que busca respirar, por maior que pareça ser a aspiração do ato almejar, aquilo tudo que sonhou, até mesmo o brilho da primeira estrela que alcança.

Sunday 16 November 2008

despedida

Como o maestro que habilmente transfere toda a sua dor e todo o seu temor para os acordes mais doces e mais vivos que ainda mais do que qualquer dádiva que possa um homem possuir, são eles que mantêm o sorriso de alegria pelos momentos eternos vividos ao lado de que tanto amou aquele que decidiu por um momento partir, assim que é você, com a capacidade de uma chuva de verão, a qual faz florescer até no mais seco espaço de terra as mais delicadas flores e faz jorrar em profusão a felicidade apenas com tua presença. E para tudo o mais há ajuda em cada um dos lados que olhar, em cada espaço que aparenta ter vazio, fica a imagem retida de quem te ama e protege, mesmo se não o pode mais tocar.


Já não há mais a expectativa de um retorno.
Já não há nem a lágrima de todo o transtorno
que a falta tua causaria na alma minha, que amou
não há nem a recordação do fim que sofreu.

Que fica lá no séu estranhamente colocada,
próximo a constelar estrela de Órion postada
nos joelhos de quem insiste sempre em rezar.
Que fica lá prostrada aquela que ainda vai voltar.

Não impratica o ato de quem ainda sonha,
quem ainda em vida sempre fora risonha,
que o desejo do mais louco amante, torne-se
a verdade mais calorosa que ao coração batesse.

Ah! Minha Estrela pequena de força única.
Minha mais Querida Menina da branca túnica!
Tornou-se como o Rouxinol o mais doce canto
que da melodia de dia-a-dia és mais que encato.

Quando eu te disse que não tinha tempo,
e quando ainda te iludi que correria pelo campo
você já sabia em meu olhar que eu te perderia
e mesmo assim você sorria, dizendo que nunca me deixaria.

Eu era quem devia ter sido teu acalanto,
Eu era quem deveria ter sido teu manto!
Quem protegia inverteu-se e foi o meu eu,
com seu suspiro tristinho que afagou o cabelo meu.

Ah! Minha Estrela pequena de força única.
Minha mais Querida Menina da branca túnica!
Tornou-se como o Rouxinol o mais doce canto
que da melodia de dia-a-dia és mais que encato.

Friday 14 November 2008

eu te amo

Trouxe na cesta das flores,
trouxe os verdadeiros amores
que a brisa saiu a carregar
entre seus sopros, Fez-me amar.

Entorpecente devaneio de um desejo
que toca entre os acordes o meu beijo.
Plena flor foi aquela do meu Amor,
plena flor foi aquela sem nenhuma Dor.

Vem me chamar para nossa festa a dois,
vem me embalar na nossa dança. Quem sois?

Trouxe no sorriso singelo a docilidade
da verdadeira dádiva dispare sem idade
pela sorte de um viver qualquer e de mais
um poder lutar pela tua não ida ao cais.

Destilando o soro de suavidade sozinha
sonhando os sonhos de desaparecidos, caminha!
Que quando mais perpassa o passo
e mais ainda me abandono no teu abraço.

Vem me chamar para nossa festa a dois,
vem me embalar na nossa dança. Quem sois?

Trouxe no teu olhar toda a minha verdade
e nas tuas lágrimas a única credibilidade
que meus mais próprios sentidos, jamais
no mais louco lunático devaneou. Acreditais!

Querendo o querer de ser-te querido
quando quase não mais quisera ter corrido
todos os campos dardejantes e onipresentes
só para ter o sopro dos teus beijos quentes.

Vem me chamar para nossa festa a dois,
vem me embalar na nossa dança. Quem sois?

Trouxe naquela cesta, um amor dócil-vivo,
trouxe junto a arte do Maestro-motivo.
Que não foi nem para meu bem nem para o teu

Vem me chamar para nossa festa a dois,
vem me embalar na nossa dança. Que fois...

'Me perder pela esquina de algum dos meus pensamentos
vívidos de milhares de não vividos momentos,
e me deixar cair em uma cadeira a varanda da simplória
amabilidade do aconchego da imaginação contraditória
do sonho da casa cercada pelas mais belas árvores de flores
ao lado daquilo pelo que daria a minha vida, e todos os amores.'

Wednesday 12 November 2008

frenesi

Como criança questionei
Por quê?
E ele disse calmamente
Sou teu pai!

Ainda jovem, desejei
Por quê?
E ela disse tolerante
Sou tua mãe!

E mesmo assim - o dia,
veio, me buscou, e contou
Sou eu o você.
Sou eu o ele.
Sou eu o ela.

Naquele frescor que eu vi
senti que era meu, todo ser
que o vento embala, na noite
que vem e que passa.

Toda brisa, sou eu, que de graça
faz pirraça, de amor faz a dor.
Sou eu, a rosa da flor, horror!
Sou eu, o espinho, caminho!

No dia e na noite, tempo
que me tocava e me amparava.
No hoje e no agora, vivo
como se a vida... nunca deixava.

Tuesday 11 November 2008

findou o amor (?)

AH! Minha infância, regada a cada pincelada gotejante de pensamentos indefinidos de um aleatorismo pulsante em cada intrínseco mínimo passar de tempo, tão vivo e fértil. Sim, foi nela que gerei-me como a flor-amiga mais radiante que poderia ter havido entre os secos martírios das lágrimas choradas na dor do parto, nas lágrimas da felicidade-amor de meus pais. A flor que tenta não esquecer até hoje a beleza resplandecente que poderá ainda gerar pelos momentos ainda que outrora deverão ser vivenciados por mim e por tantas outra flores-amigas geradas nesse mesmo espaldar da vida amorosa de uma família tão bem unida, mesmo que distante da união física. Sim, meus caros companheiros (in)fiéis da vida vivida de uma graça tão graciosamente bem querida, mais ainda bem vista.

AH! Minha infância, pequeno rebolbante-rimbonçante, devo declarar. Colorida de pétala em pétala das flores do jardim vital das almas mais novas e mais germinativas que o próprio gérmen que lhes deu a tão almejada vida, são as cores dos sorrisos mais francos dos amores mais brandos e das brisas mais invernais que tentam tornar frio o calor do abraço de uma mãe e do afago de um pai, mas não adianta, são eles que sempre vencerão. Afinal foram eles que resistiram aos seus medos e esqueceram suas ambições, seus sonhos, tantas vezes, e só para poderem sentir a felicidade de sermos amados invadir-nos e jorrar como a fonte mais cristalina de água-translúcida.

AH! Minha infância querida, dos meu pais-avós, dos meu filhos-netos, sempre será ela que irá manter-se de geração a geração: com o fogoso do riso, com o afago do sorriso, com o carinho da lágrima sincera e ainda assim com o eterno perpetuar da presença de quem lhes deu a chance-graça da honra de permanecer aqui no mundo-real, mais surreal que o devaneio mais ousado do lunático abandonado numa esquina qualquer do tempo. Por Deus, entenda, que eu entenda, que é pelo regar-amar de alguém que talvez você venha até a odiar que estamos aqui e que ainda permanecemos. Então não me venha com essas lorotas pequenas de ser cada um por si, chega uma hora que se tem de admitir, que se tem de recompensar aquele que por nós daria o último suspiro vital só por mais uma carícia final. E mais, acredite, flores-amigas, é o que todos foram, são e serão - querendo ou não.

Amor de família, de amigos-família, sempre será amor de fato, sem melindres e nem malícias de quem desacredita. Ele é, e acaba por aí qualquer discussão.

Monday 10 November 2008

Ao licor!

II

Entreabertos os lábios, úmidos
de desejo lascivo me inspiram,
e são eles - malditos! - que me conduzem,
que me devaneiam, meus sonhos.

Tomam conta de pensamentos vivo
se vão à minha tez tocar - o beijo -
que me toma que me retem, em si
em mim, não o sei.

Expira pois perto de minha face,
e exala aquele bafejo de frescor.
Apega-se a minha mão, úmida,
e me leva às cegas para eles.

Que não há mais força, não há
nem mais anseio de que o faça,
já é como consumado, volúpia -
toda minha é a alma, como corpo.

Enlaça, pois agora, com teus lírios
esse meu corpo sobre o teu.
Enlaça pois agora com teus azuis
toda minha mente que é tua.

Antes, e agora, eterno gozar de vida
quem sabe outrora, pela mão me tome...
Quem sabe ainda, para teu palácio,
eu ainda vá, pelos lábios teus.

São vicejos da nossa juventude.
Libertinos - vivos - amantes.

Saturday 8 November 2008

quando(em)quando

Ao teu lado

Mimo que embalado aos céus pelos anjos,
na sua alva candura, foi assim tomado
de meus braços que só queriam niná-lo
por uma noite tê-lo aos meus carinhos.

São todas essas vezes que eu me deito,
e eu rezo para mais uma vez sonhar:
Você aqui comigo, suas pequenas mãos
a brincar com meus cachos, sorrindo, ambos.

Bem-te-vi que alçou vôo até lá,
para bem longe e tão perto de mim.
Você foi e eu não choro mais, aqui
eu bem sei que sempre será meu coração.

Em alguma esquina perdida da minha memória
permaneceu um único lampião a iluminar
a face daquele que a ti me roubou.
Não entendi ali, o bem para ti que ocorria.

Mimo que embalado aos céus pelos anjos,
na sua alva candura, foi assim tomado
de meus braços que só queriam niná-lo
por uma noite tê-lo aos meus carinhos.

Foi nessa noite que eu me lembrei,
foi como um outro eu a parte que amou.
Recordação do meu Mimo pequenino
como o tenro botão de uma flor, tão risonho.

Tal qual última sinfonia deu-se o adeus
ao meio das lágrimas de não si quantos,
mas fui eu, e apenas eu que sabia:
"Meu amor para sempre resplandeceria"

Em algum desses vagos momentos infinitos
você pediu para ficar, eu via no semblante
daqueles meus já conhecidos olhos azulados.
Não seria eu que lograria a tua estada.

Mimo que embalado aos céus pelos anjos,
na sua alva candura, foi assim tomado
de meus braços que só queriam niná-lo
por uma noite tê-lo aos meus carinhos.

Meu vazio mundo já não estaria tão abandonado,
nem a minha alma outro dia poderia escurecer.
Foi como a minha mais preferida estrela
e manteve agora e eternamente o brilho.

Clamo de um vento a outro apenas não
esquecer que eu sempre te sentirei,
ao meu peito de contarei contos das fadas
que a ti encantam nessa noite sem dia.

Eu já sabia que era sob a lua,
que era ali naquele sonho que deixara
para paraíso meu se tornar, Vida.
E eu só posso me alegrar com a imagem.

Batendo no peito enquanto clamo:
"Só me leve para ali ao lado dele,
só me mande o anjo carregar aos braços
a réstia que se mantém das minhas forças."

Mimo que embalado aos céus pelos anjos,
na sua alva candura, foi assim tomado
de meus braços que só queriam niná-lo
por uma noite tê-lo aos meus carinhos.

Sabia que uma hora chegaria, eu iria
ao teu encontro e sempre te amamentaria
com os melindres da mais cuidados mãe
e com os beijos mais doces de quem te ama.

Sabia que eu entregaria logo minha vida
de um espírito sem consolo, da falta tua.
Mas sabia mais ainda, não era mais
tempo de chorar, não era o que gostaria.

Mimo que embalado aos céus pelos anjos,
na sua alva candura, foi assim me dado
aos meus braços que só queriam niná-lo
por um sempre, tê-lo aos meus carinhos.

Friday 7 November 2008

thus and bum

Mil e um abraços

É isso que eu preciso.
Aos berros era pelo que clamava.
É isso que eu MAIS preciso.
Aos sussuros era aquilo que procurava.

E por que meu Deus me largou?
Ele disse que ninguém a mim amou,
ela só sabia me olhar com aquele olhar
de quem está com compaixão a sobrar.

E por quê? Ele me largou.
Quando será que eu vou?
Para bem longe daqui e dali,
para onde a vida não tem um fim...

É isso que eu preciso.
Aos berros era pelo que clamava.
É isso que eu MAIS preciso.
Aos sussuros era aquilo que procurava

São os homens e mulheres de todo dia
E está certo, porque hoje eu vou ainda
conquistar um astronauta, viajar
na minha estrela cadente e nunca mais voltar.

Acreditar, a mais querida flor-aurora,
era para ser apenas um olá ao mundo lá fora.
E eu conheci, aquele meu mais novo amigo,
Eu até que tenho sorte, sinto que o gosto.

É isso que eu preciso.
Aos berros era pelo que clamava.
É isso que eu MAIS preciso.
Aos sussuros era aquilo que procurava

Um desejo de uma alma que queria ser outra.
São apenas momentos, aprenda isso e aquilo.
Um mundo que gira em torno de ser aprovado,
uma vida que não é vida, mas acontecida.

Que jogue tudo para o alto! Tudo ao rio!
No céu é que está a beleza de um cometa
entre as melodias das estrelas, da lua -
entre as lágrimas de cristal, poeiras...

É isso que eu preciso.
Aos berros era pelo que clamava.
É isso que eu MAIS preciso.
Aos sussuros era aquilo que procurava

Janelas

Desejo de Amor da vida da estrela
que a constelação já a muito abandonou
voltou para mim dentro de uma bolha de sabão
perdida no meio de um vento-furacão.

Desejo de Reparação da estrela
que em minha janela se atirou
foi toda a minha vontade e minha comoção
que encheu de paixão a desilusão - coração.

Casos e acasos de um incêndio gélido
abandonodas entre os falatórios de loucos
lunáticos e pré-aquecidos fenômenos.
Que eu só quero me apaixonar, em cima de um comenta.

Desejo de Procura da vida de uma estrela
postada dentro da azul-mar carta de amar
desenhada na xilogravura de mais um cordel,
de mais um encanto, doce, meu melado mel.

Desejo de Desejar da vida da estrela
que só quer ser a cadente via transitória
de um pedido para um único beijo, que seja,
de um fim ao barco-brilho que sempre veleja.

Casos e acasos de um tormento revoltante
dentre a glória e a honra de mais um amor
fantástico-fascínio-fabuloso da romântica.
Que eu só quero me apaixonar, em cima de um cometa.

Entre a Rosa e o Espinho

Castidade de menina-moça virginal
vale tanto quanto o sorriso do infante.
É como a chuva de um ar invernal
que abala a face de cada amante.

Abre um riso entre as lágrimas tristes
daquele que perdeu a vontade de amar,
e sobre si aqueça das felidades, acreditar
que é por entre extremos que está - amores.

Agradável, foi assim que ele me denominou,
e eu aos felizes abraços comecei a dançar
subindo para entre as estrelas, ele amou
desde então a delicadeza da menina-moça, puro gostar.

Saiu por entre os campos dos lírios lentamente,
cantando em cada ouvido a mais meiga canção
que podia encontrar embrenhada em sua mente
para deixar-se o tocar mais feliz de um coração.

Sozinha como a gota da chuva tornada orvalho
ela não queria mais nem ser a alegria,
ela nem queria que um sorriso por si no vivo-dia
fosse aberto por um bebê e seu chocalho.

Deixar-se entre os braços de outro abraço
ele sabia que ficaria preso àquele momento:
"chuva de um inferno-verão na ponta dos pés, no embaraço
foi o beijo que eles deram ao passar da brisa-vento"

Hoje eles nem sabem mais que fim levou
aquilo que antes deles um ou outro encontrou.
Hoje são cosmonautas tocando estrelas,
enquanto trocam as juras de um amor, tão belas.

Cantiga

Era de noite, de um desses meus dias,
era numa festa, dessas de magias,
que eu o conheci, entre as flores
e já sabia: não serei um desses...

Era eu a bailarina, era eu ainda o poeta
e ele só imaginava como poderia eu amar,
um Anjo de fronte ilesa de mácula. "Poeta",
ele veio a mim falar, e com doce voz me amar.

Eu disse que não havia mais nenhuma chance
que eu não gostasse que ele fosse assim gostar
tanto de mim, que eu fosse ainda me cativar
por ele, gentil Anjo. Foi dado o final-lance.

Eu disse vou ali, mas logo vou voltar,
e ele ficou entre as fantasias de novo enamorado.
Eu disse vou ali, mas logo vou voltar,
e ele ficou entre os melindres de novo apaixonado.

Que eu amo que ele me ame
que eu esteja a amar o amor
divino que ele ama, que me ame
ainda mais quando souber: nada será dor!

Na cauda de um Cometa

Olha só quem eu vi ali!
Nas explosões catastróficas de uma super-nova
eu vi surgir aquele ser-anjo, tão vivo...
Na criação de mais um desse negrumes buracos, uma cova
em que se perdem aqueles que desejam o ativo.

Olha só quem eu vi ali!
Entre as brincadeiras da imaginacão de um gigante
que eu já sabia tão bem não passava de um infante,
de uma criança-grande que só queria definir o qué Amor.
Definições de uma perda geração da profunda Dor.

Olha só quem eu vi ali!
Quando eu mais precisei que um alguém
viesse e me abraçasse e entre os sorrisos
me disse num sussuro ao pé do ouvido: "Ninguém
mais vai te fazer chorar, seremos nós e os risos"

Olha só quem eu vi ali!
Perdidos entre os lírios do jardim Imaginação:
eu e o outro, eu e ele, eu e aquele que me roubou
para todo o sempre do eterno magnífico, meu Coração.
Disse ele: "Era assim que tudo em mim sonhou"

Olha só quem eu vi ali!
Pensamento que pensa que o desejo
sonha que o goste saiba que ele gosta
é de mim. Que hoje eu só te quero-almejo
enfeitado inteiro, somente para mim.

Olha só quem eu vi ali!
Nas explosões catastróficas de uma super-nova
eu vi surgir aquele ser-anjo, tão vivo...
Na criação de mais um desse negrumes buracos, uma cova
em que se perdem aqueles que desejam o ativo.

Eu sei.
Meu anjo, já é tudo para mim.

Thursday 6 November 2008

entre(atos)

Juro.
Era assim que começava cada novo pontinho de tinta esparramado sobre o pergaminho. Era assim que ia ganhando vida cada mínimo instante daquela alma a tanto perdida. Mas era acima de tudo assim que em um dia de noite qualquer pela madrugada de uma manhã de outrem que a bela criança se refazia de fita em fita e ganhava no emaranhado bolo de cores aquele singelo-delicado floreio de um borrão, chamado bem-querer.
E cada dia novo de noite, era mais que um sopro de uma brisa a bagunçar-lhe as mechas negras, era mais que o luar a embelezar os olhos azuis-vítreos, e domar a cada movimento dos flocos de neve a caírem o coração daquela que dizia amar.

Prometo.
Seria o meio mais curto de alcançá-la e por mais que um instante declarar-se. Seria ainda que fosse por pouquíssimo não-tempo a falta de juízo de um lunático perdido a caminho da quinta curva direta para o sol. Mas acima de tudo seria aquela verdade-não-dita que sobe pelo voluptuoso desejo de ansiar que o mundo se acabe e deixar a vida correr como correnteza-riacho direto para o escaldante mar-desejo, e ali se perder de beijo em beijo.
E cada dia novo de noite, seria mais que os abraços indolentes os toques frenéticos de um amor díspare e incauto, seria muito mais que o frescor de uma maresia que passei por sobre o deserto da alma-sem-remorso, e vai assim seguindo via amanhecer-madrugada até aquele dos olhos-vítreos declamando pelo norte de um sul fugido, era a graça-garça que voa para perto dela, era graça-garça de amor-menino.

Sou a amar.
É assim que cada mês de um ano sem medida que ela-ele, os dois como um, na bolha de sabão intocada permanecem a cada instante a cada flúvio de chuva que insiste em correr apenas no plúvio das lágrimas da mãe-moça que teve a filha tirada de súbito. É assim que quero a todo mínimo-cortês rompante, que ele tome pela minha mão todo o meu ser. É acima de tudo assim que eu quero um grande amor, e que ela vá até mim como borboleta-flor-em-flor se encaminha dia-a-dia para seu fim derradeiro da dança de harmonia entre as melodias dos sons-lembranças de outra vida passageira.

Sim.
Busca do eterno-infinito,
do espectro que eu tanto insisto.

Não.
Abandono da maravilha céu-lar
que em novo fim me trará o iniciar.

Sempre.
Das desgraças que tomam a mim
eu saiba que para mim nunca há fim.

Talvez.
É assim que vou conquistando,
é assim que deva eu estar amando.

Ele.
Que já ganhou, já se tornou o cativo
da minha alma-coração, cada vez mais vivo.

Nós.
Duplos ensandecidos da volúpia de um paraíso,
dos entre lírios, dos melindres-sorriso.

E é a cada novo dia de noite é entre os amassos que eu me deixo ficar. E é a cada novo dia de noite que eu peço a Deus-dará que jamais tente me roubar da delicatesse que tornou-se o rubor que as minhas faces de lua-temperal ganham a cada toque de lábios sobre a pele da pétala-em-flor. E é assim acima de tudo, que eu vou abandonar-me agora e para alem, que o ontem já esqueci, só me vale esse vivo-sem-tempo perdido e comedido. Amor que é.

Tuesday 4 November 2008

daydreamers

Todo dia...

Sonhei de uma alegria com um bonito pierrot a vir me embalar, com pequenas estrambolices que me puseram a pensar. Uns pensamentos loucos, fiquei eu a divagar, contemplando um infinito breu azul que todos teimam em almejar, chama-se Céu pelo que pude notar. Mas aqui nesse mundo novo um nome antigo lhe foi dado, que eu mal pude acreditar, pois todos lhe clamavam, “Abublino de Esplendor”. Quem sabe eu nunca deva voltar, onde o corpo ficou, já que agora sou alma livre de vento a brincar, já que sou estrela de luar... afinal sou no fundo ainda meio hipócrita.

Naquele dia...

Venha, vamos juntos caminhar. Vamos juntos. Deixando o tempo. Passar. E a partir daí, recriar a nossa verdade. Vamos fazer nossas escolhas hoje. Para amanhã tentarmos concertar o que pensamos terem sido os acertos, que erros o foram.
Não quero mais olhar para trás. Não devo mais.
Então o meu para trás vai ser transformado. Eu vou admitir agora. Vou me dar à chance de viver, novamente. Deixemos as águas seguirem seu curso, pois hoje. Hoje. Eu vou discordar de você, eu vou falar o que eu penso. Vou abandonar a minha hipocrisia ao agir.
O mundo, é meu mundo.
O mundo, é teu mundo.
Juntos.
Hoje, talvez antes, certamente amanhã.
As lágrimas seguem seu curso e a minha alma eu escolho, teu curso.
Entre dilemas de escolhas, entre a minha clausura do temor, eu vou decidir, sim. Eu escolho viver e deixar viver.

Nas flores do teu jardim.

Quanto tempo, e outrora botão de flor eras.
As dádivas que perdi ao tentar entender, as coisas que destrui ao deixar de sonhar, de que me vale agora ter abdicado a mim... Não sei, mas não procuro mais entender, pois vejo que deixei de lado o que mais preso, deixei de lado o meu ‘humano’.
De tanto buscar razões. De tanto ceticismo incauto que fiz florescer no meu interior, abandonei a minha inocência, abandonando por conseguinte tudo o que amei. Matei os anjos que fiz existir. Matei a doçura que fiz brotar em teus olhos. E matei, por fim, a minha alma.
Mas não vejo mais o valor que acreditava eu ter, ao tornar-me uma rocha. Pois o botão de flor, ah! Aquele botão que eu esqueci, que ficou incrustado na rocha fria e inanimada que tornei-me, transformou-se na flor da Vida.
Rompeu o meu casulo que supunha ser impenetrável. Rompeu as barreiras que impus a mim. Agora, ao meu redor os estilhaços frios estão jogados, e eu, esse eu renascido, não imagino o que seja. Apenas fecho os olhos e sinto, sinto que estou viva.
Vida. Tempo. As coisas que eu estava deixando para trás.

E no fim?
Que diz o louco sobre felicidade. E o que diz a felicidade sobre o homem.
Louco é o homem, e feliz este.
Na busca eterna da nossa condição criada, deixamos de ser homens, mudamos também a definição de louco, e essa busca a que fomos obrigados, não é por nada alem daquela que deixamos escapar, e que mesmo tendo sido ignorada mantêm-se a nosso lado, a espera que viremos um pouco o nosso rosto e possamos ver que ela nunca nos abandonou, a felicidade.

Monday 3 November 2008

entre(mentes)

Presente, o rimar


E quando menos espero, toma-me um calafrio
Ao olhar as nuvens a se desmanchar. Um arrepio
Como arei movediça, como mais um dos ventos
Que me rouba entre os vagos momentos.

Noutra hora, já me vem aquele calor,
Louco e doce, doçura de amor.
Provavelmente é tudo culpa de um você.

Já me passa mais meio escândalo, desejo,
Isso sim que devo chamar, foi bem aquele beijo.
Provavelmente é tudo culpa de um você.

E quando eu o meu querido vem enquanto estou a sonhar,
Eu bem sei que é em mim que ele jamais parará de pensar.
Como a mais bonita de todas as canções, mais rica melodia
É ele que me encanta, a cada (entre as noites e aquele) dia.


Memórias, o esquecer


Meu coração está lá
Minha vida está cá
Assim minha alma perde-se em meio à graça,
Perde-se e admira-se com aquele que vem e que passa

Todo o dia de vento novo levará
Àquele que ficou perdido por lá
Ao coração leva-se os amores,
Leva-os por entre suas dores.

Nos meses e nos anos de esquecimento,
Nas fantasias minhas de momento,
Mesmo que por terra e água deixe-se levar.

Todo dia é pelo mar, todo dia ele se perderá
Entre os doces carinhos, ao meu amor de cá
A vida inteira diz que vai pó si se doar
Para ver sempre assim, seu sorriso a brilhar.

Nas festas e nos sonhos, nos meus dizeres:
“Que é apenas por ti, apenas por seres
A dádiva de um mais eterno desses, és o amar”

Meu coração está lá
Minha vida está cá
Assim minha alma perde-se em meio à graça,
Perde-se e admira-se com aquele que vem e que passa

Que nem que resguarde e arqueje
Não importa mais o quanto ele deseje
Sou tua, e és meu, Sou teu e és minha.

Que já chegou a um começo sem fim,
Querido, todo dia que tomas a mim.
Sou tua,e és meu, Sou teu e és minha.

Meu coração de lá já encaminhou-se para cá,
E minha vida do seu lado, nunca abandonará
o ato sorrir e o entre ato de sempre cativar
E de jamais esquecer que deva eu sempre te amar.

Sunday 2 November 2008

pedidos, perdidos

I

Não me venha com confusões e não me faça mais nenhum desses sermões.
Cale-e, respire! E pelo menos um único dia viva suas mais puras emoções.
Não me venha com falatórios e não me fale mais nenhum desses dizeres aleatórios
Abandone e respire! E pelo menos por um dia viva do escrever e não de uns relatórios.

Tenha ainda os temores mais infantis.
Tenha mais ainda os devaneios juvenis.
E não se esqueça do belo Amor.
E não sofras, não chores por nenhuma Dor.

Vá à busca de uma louca, de um diamante.
Se perca entre uma e outra amante.
Que sejas, que pereças, mas não se torture.
Não deixe que um sopro te desventure.

Só quero que vivas, que sintas e que sonhes.
Sonhe como o eterno, como o majestoso.
Sonhe e mais ainda sempre acredites
Que um único verso possa ser o mais valoroso.

II

Não importa muito, até deixo as coisas de lado.
Me importa tanto, que só quero te fazer agrado.
Apenas fique, que seja mais essa noite,
aqui comigo, que seja abraçados, pernoite.

Friday 31 October 2008

sonho, chamo-me ilusão

Quando eu me perdi e já me esqueci
Que os dias não mais se passarão
Eu ainda fico com os olhos a ver
Uma memória da tua vida comigo

Tudo isso, tudo aquilo

Quando eu me perdi e já me esqueci
Que os amores passam pelo coração
Como uma florzinha que quer viver
Entre os espinhos, seu mais novo abrigo.

Nada disso, nada daquilo

Quando eu me perdi e já me esqueci
Que os quereres vêm e vão
Pelo vento de um eterno conhecer
Que ainda insistes em me ter, amigo.

Mais disso, mais daquilo

Quando eu não vi nem por um momento vivi
A verdade da dádiva de gritar: Estou a amar!
O desespero todo que já está dentro de mim
Só de pensar e não poder mais me decidir.

Menos disso, menos daquilo

Quando eu não vi nem por um momento vivi
Deixando os segundos apenas a não sonhar
Com o amor inteirinho que me queria no fim.
Foi simplesmente assim que te deixei partir.

Nada disso, nada daquilo

Quando eu vi nem por um momento vivi
Só me restou aquela lágrima no olhar,
Um amargo, ainda doce, sorrir de crer:
Ele vai voltar direto para os meus braços, sim.

Tudo isso, tudo aquilo.

Quando eu menos esperar, quando eu me menos quiser.
Ele virá correndo, virá e me abraçara, gritando aos ventos
Que jamais novamente irá me deixar, e que nunca há de me abandonar.
E terminará mais um desses capítulos esquecidos, num beijo.

Quando eu não mais puder contar e a vocês declamar
Ele já estará jogado entre meus carinhos, entre nossos momentos
De maior amor, de mais fogosa paixão, ambos iremos de novo sonhar.
Nossas vidas já nos são ligadas, para eterno, pelo nosso desejo.

Para sempre eu vou...
Para antes do que já sou...
Já sabes, ele me cativou.



Noutro dia, noutra parte de mim:
Não coloques em minha pele qualquer mácula.
Que mantenha toda a minha alma pura, tal chuva de prata,
dádiva do paraíso; e que me ganhe apenas
no olhar de brilho maravilhoso,
como se tu fosses para sempre meu anjo.

Que pela noite que eu vi num desses momentos
de quase abandono, te veja e saiba ainda que pela maior
das minhas alegrias, já o tenho nesse meu corpo
de alma-vento, jamais eu desejaria.
Me guardo, me resguardo.

Que nem sei, passo-me agora num sentir
de graça e neura, talvez até divina;
no fim só me lembro, dos meus lírios,
ainda entre os azuis e os verdes,
nas minhas sensações resplandecentes de sorrir.

Wednesday 29 October 2008

homem de questões

I

Garota! Quando foi que você me tomou assim pela mão?
Que eu nem me lembro mais, nem sei quem eu sou.
Acho que você é uma dessas ladras de coração.
Acho mais que isso, você é aquela que me cativou.

Você, você sabe muito bem, que já sou inteirinho seu.
Mude esse meu humor,me deixe ser de novo todo meu.

Garota! Quando será que você vai dizer me amar?
Me diga logo, me tira desse despero a me atordoar.

Se você me negar que seja eu seu homem,
me deixe, me largue num beco qualquer.
Mas que eu sei, eu sei você finje bem.
Mas que eu sei, você é minha mulher.

II

Então me diga, sou um mau rapaz?
Ou sou aquele que te traz a paz?
Olha que já sei! Seu olhar não me engana
e você sabe que ele sempre me ganha.

Porque eu entendo, que sua cara de anjo
Está muito mais para um blues-arranjo.
E eu bem que agradeço, foi ela, jeitosa,
que de fato já me conquistou, de primeira.

Hey! Baby, come on, let´s go, around the world.
Come on, move on, you're the women.
I can feel everything in my bones.

III

Conte-me querida, eu já sou todo teu?

Venha aos meus braços,
venha para eu te beijar.
Venha para meus braços,
venha para eu te amar.

Conte-me querida, eu já sou todo teu?

Olhe aqui nos olhos meus,
e esqueça desse vazio.
Olhe aqui nos olhos meus,
e esqueça esse dia pueril.

Conte-me querida, eu já sou todo teu?

Só posso é adiantar,
você que me faz sorrir.
Só posso adiantar,
você que me faz não partir.

Conte-me querida, eu já sou todo teu?

Todo meu, da alma-vida puras,
sempre ali nas escuras.
Todo meu, no perdido sonho,
sendo jamais enfadonho.

Conte-me querida, eu já sou todo teu?
Que eu te conto, você é toda, meu
amor, carinho, frescor, caminho.
Conte-me querida, eu já sou todo meu?


Parte, à parte:
A que pensa e que não escolhe sabe mesmo assim que é
apenas a aparência de não escolha que fica em volta,
aurea-etérea, mas mesmo que seja, ela que prefere assim,
quanto mais agora. Parecem que já a conhecem demais,
tornou-se um perigo dentro da sua própria sanidade.

Tuesday 28 October 2008

soltura, sol e lua

Começo de um hoje, regado de valores tão morais que a muito já se tornaram banais, afinal eu só quero aquilo que se tornou sensível-sentimental. Que não haja mais diferenças de um para outro, corpos desiguais, jamais. Quero é a abundância do rotativo que nada tem de inerte, quero é a delícia da carícia e da malícia que me banha até os ossos mais internos. Ah! Invernal primavera de um amor, puro e certamente doloroso, mas tão cheio assim de valor.

E sim, sei muito bem, eu deveria ficar quieta, ficar no meu mais mudo barulho de silêncio e simplesmente te deixar descobrir aquelas respostas que nem podem ter uma boa pergunta formulada para responderem. Agrado. É bem isso que eu faço, mas faço com gosto de ver naquele teu rosto que já está tão bem marcado, nítido, cada uma das linhas que o formam na minha memória de lembranças infinitas, dos momentos mais adoráveis. São esses meu distúrbios, são esses os meus devaneios, os mais loucos e profundos, todas aqui: entrelinhas.

You must be mine.
You shoud see the sky,
and feel my eyes.

But I'm a bad man
I'm a good insane
who feels the soul.

Let it be. Let it show.
Hopin' fallin' knowin'
One more guy, lovin'.


São os fantasmas que me revelaram que é assim que se faz a arte de querer simplesmente amar e tocar como as notas fugidas de um piano desafinado, quem sabe - que seja só Deus - ainda que sejam as notas de um rodapé de um jornal qualquer, vida de um desses amores dispares, que o seja, já me fiz quem não fui.

Monday 27 October 2008

azuis de um lírio

Quase não mais vivia,
quase até mesmo se esquecia
que era a pouco, tão só,
que era ontem, apenas pó.

Mesmo que renascesse e mesmo
que tudo se esvaecesse a ermo,
não havia mais dor, nem mais choro,
era agora apenas trovador, ele - o coro.

Com versos de vento raios de sol,
com o sorriso nos lábios, puro farol.
Que escrito com brilho estrelar já diz:
"É aqui que deve aportar, deve é ser feliz"

Tudo estava ali, já o sabia,
nos olhos que tanto o cativa...
Tudo estava ali, nas palavras que não dizia,
nas ondas do mar que tanto se movia.

Talvez fosse amor,
talvez ele fosse apenas sonhador.
Que o fosse, mas que o seja
no teu vale, minha flor de cereja.

(Fragmento de momento após:)

Talvez ela parecesse apenas perdida,
talvez fosse aquela que traria vida.
Que o fizesse, que o quisesse...
Ver como novo ramo, que florescesse.

Ao nascer de um novo pôr solar.
Ao fim do mais novo invernar.
Primaveril, na constância do não
constante sem mais dias em vão.

Amo.
Clamo.

Sunday 26 October 2008

libertinagem

No princípio, ainda quando era bem pequeno, ele já tinha boa memória. Já mostrava os gosto peculiares de um observador ávido por vida de mundo-único surreal. Parava por momentos seguindos vendo o rósea do por-do-sol sendo mais um dos raios resplandecentes deste. Passava rapidamente rodando em volta das pessoas só para descobrir as sensações de olhar diferentemente de como lhe era ensinado. E corria, corria loucamente com as mechas do cabelo mais negro que o mais triste corvo, com o brilho celeste de uma lua em sua pele que parecia cada dia mais alva, mas sim, antes de tudo, aqueles olhos que eram apenas para ludibriar e tomar para si um novo escravo de seu escritos, azuis-etéreos e vivos em toda a cor de essência que mais nada se igualava.


Mas não havia um ser vivente que não quisesse aquilo: Aquele Encontro. Poderia até trazer um fim de morte, podia até ser fim de tristeza, o que fosse, mas não havia quem não o quisesse. Pois mesmo que por um vão momento, ah, seria mais que qualquer vida eterna, seria mais que qualquer caloroso abraço ou qualquer cálido-doce beijo dos lábios delicados do mais formoso amante. Seria o olhar profundo, seria a pureza mais bem-vinda e seria antes de tudo o mais verdadeiro amar. Tudo, pelos olhos da viva-cor de uma viva-criança.


Que não há noites sem essa visão, e não há dias sem a escuridão. Pois tudo tornar-se-á busca. Que o sangue doe-se até a última gota rubra, que o frescor do hálito se esvazie até o fim, sim. Apenas para achá-lo, vive-lo. Que é em todo o infinito do meu meu momento que eu o faço vir a mim, que é em cada espasmo do sabor do gosto da ânsia lasciva que ele caminha pelos pensamentos que eram meus. É ele, todo o meu. Por hoje.


Me dê a mão, e venha passear por entre os meus bosques. Se não tiver receio, querido.

Saturday 25 October 2008

lay, lady, lay

Caminho, fui quem saiu por ele.
Sozinho, não parecia eu dele.
O sorriso no rosto já contava
que meu desejo era flor regada.

Resguardo... no solto e logrado,
ficou um momento por mim guardado.
Sabe? Daquelas lembraças vivas
em memórias ainda mais queridas.

Que nem o ato-negar, mesmo em alto mar,
poderá por vontade renegar.
Pois sim, pois não.
Acho que todo teu, é meu coração.

Que seja ainda o contrário do oposto,
que sendo ainda mais mútuo conforto.

Pois sim. Eu preciso de alguém. Eu preciso de algum lugar. Eu preciso de algo. Mas eu prefiro tudo. E eu dei uma daquelas sortes brilhantes que reluzem ao pedido incauto de um descuido maior que o pensado-imaginado, ou não, pode ser apenas de um desaviso qualquer. Rompante. Prefiro assim mais ainda.
Pois não. Quase como imposto a fronte retoma a cor, ganha de novo todo aquele rubor de vivacidade, aquele contraste na tez pálida-delicada. Lua em dia de sol, Lua em momento de ser aroco-íris, Lua com a vida toda numa flor. Quanto mais revejo esses ditos instantes mentais entre acordos e descobertas (tudo em tão viva-cor), repenso pensando que o pensar não funciona mais como outrora, modificou-se.

borboletear

Foram meus azuis. Mentira, foram teus verdes. Não sei, ambos como um ou nenhum, ainda assim todo, são afundáveis em percepções de tal relevância que não há nem mais algum controle sobre esse encanto (ao que parece) ser o que se é. Amontoado. Sim, foi bem assim. Brilho lunar claro em vida de luz - colorida - que do coelho vem o mágico e do mágico a rosa, de toda ela eu sei ali no meio das imperfeitas pétalas eu vejo-escolho perfeita como si só, como só (nós-eles), ganhou mais um mágico rubor nas minhas faces ou simplesmente nos meu lírios, vergonha que não foi, pois sei, já pré-dizia, que a louca questão do pessimismo obsoleto já não mais força teria, que no fundo da alma minha tão perdida era o risco todo que corria - risco todo que queria.

Foram meus azuis. Mentira, foram teus verdes. Quando borboleta de anjos em flor, sai assim que já vi, em busca desse tal de Amor, eu percebo pelo vento - que de brisa já se tornou - vem atrás da mais delicada flor, vem atrás do mais doce senhor. Que já vi - o caçador das borboletas de flor em flor, colhe aquela que ele sabe que ele sente - ressalta resoluto: é ela - pode a todos trazer alguma dor e pode ainda mais, a todos trazer o divino amor. Alçando vôo por alguma de tuas redes ela sabe - borboleta - a liberdade é toda dela, ela sabe - borboleta - tem hora de cativa a se aproximar; mas antes de tudo ela sabe - borboleta-anjo - ela quer assim ficar.

Outro dia ainda, aguarda o novo borboletear.
Noutra ânsia sem pressa, escura floresta,
é entre teus dedos pousar.
E é entre teus amores, toda a festa.

E volta a tudo quato é início:
Foram teus azuis, teimosa.
E volta tudo como um vicio:
Foram teus verdes, formosa.