Tuesday 28 April 2009

Versar.

Arte de quem ama em não amor, de quem chora do pranto mais alegre e sorri da discórdia. Viva, composta, outrora imposta.

Que te amo bem amor,
que te louvo em cada novo horror.
Ah! Tão querido,
tão não bem vindo.

Que te quero em toda a dor,
que te guardo como mais divina flor.
Na rotina desmembrada,
uma ou outra já idealizada.

E já clamo, já a ti chamo,
louco de loucura insana:
Amor que tanto Amo.

Do verso que semeio,
Do verso que floresce.
Do verso que em tudo creio.

Monday 27 April 2009

Um mantra solene.

Porque me irrita o desapego com a verdade,
me destroça toda e qualquer sanidade.
Pois que sim, sou quem busca sumo da loucura,
essa ardente, em meio a chuva - da mais pura.

Aliança de falso mercador,
das jóias roubadas, da fuga em dor.

Sou perdida e inconstante na mão do salteador.
Sou fim de meio em começo de quem vive em Amor.

Rindo da cara de tão poucos,
desses falsos, encalços, não-loucos.
Rindo de riso do sorriso,
do maroto hermético não-mundo conciso.

Da aliança em mar rubra - É Sangue.
É pranto do todo(tolo) povo que exangue.

Sou jóia, sou roubo, sou brilho precioso em arrombo.
Sou quem fui, sem fim, não mais meio. Estrondo.

Friday 24 April 2009

Abra Alas!

Olhe quem vem, olhe quem passa. Teatro em uma janela.

-Abra Alas!

Olhe quem passa, olhe quem vem. É a vida mudando, é o homem transformando.

-Abra Alas!

Respire toda fala, respire tantos causos. Era Shakespeare, era Ibsen.

-Abra Alas!

Respire tantos causo, respire tantas falas. É música, é poema. É mais uma vida cantada.

-Abra Alas!

Que vem mais uma farra. Vem o bufão com suas traquinagens, essas tão natas malandragens.

-Abra Alas!

Que vem mais um choro. É tragédia, é tragi-comédia do prosaico viver.

-Abra Alas!

É briga, é luta de tantos egos. E arranca, e sangra, e a vida ao vento já emana.

-Abra Alas!

É apenas mais uma de tantas miscelâneas de tantas não-minhas janelas.

Sonhos!

São eles e aqueles que me carregam,
são eles e esses que me enternecem!
Do saber ao crer, tudo em si veneram,
e tudo ao outro, mais e mais, sorriem!

Sorriso doce de algodão doce,
sorriso meu tão teu, que floresce
Entre os lírios, entre todas as flores.

Ah! que já poderia a tantos amores
o sorriso mais belo ter cedido,
desses de sonho bem vindo.

Tuesday 21 April 2009

Do amor não se sabe.

Penso, logo existo?
Penso, logo me incompleto.
Quero completar-me sabendo que sou incompleta, com isso me completo.Eu vejo que vou mergulhar, vou deixar-me afogar nisso. Porque não é procurando ar fresco que verei um novo futuro, mas me esconderei em um passado.
E eu não vejo mais nada estático, não reparo mais no não-movimento, e nem olho para ele. No fim, sou ele, enfim, sou quem não se move.
Vagar por um rumo sem início e sem fim, em vórtice, em mudança de ciclo sem ser ciclo.
Em caminhos de terras vazias, em rostos sem vida, em uma vida que não pulsa. E as cores que diziam haver se esconderam na noite.
Sabe, acho que é preciso o brilho das estrelas para modificar tudo, é preciso dele para que se veja mesmo no escuro. Porque é ele que tem o mágico e estonteante poder ser a diferença, e transformar tudo a sua volta

Monday 20 April 2009

Mal do século?

Diga-me meu caro senhor,
o que por cá veio fazer?

Diga-me, pois então, doce meretriz,
por que tornou-se de meu desejo objeto?

Vês o sorriso de minha face?
Vês em meus olhos todo o brilho da malícia?

Pois que sim, desde dantes, dos horrores
e dos amores tu és a mais honrosa delícia!

Dai-me a mão, dai-me de teu corpo
os prazeres, que das jóias já me enfeito.

Faz-me rir, e da libido atiçar-me. Bem
sabes, que és meu veneno, mal de meu ser



E Fois, rompendo a luxúria!

Corrompendo toda e qualquer doçura!

E ris, dos melancólicos,

desses tolos tantas vezes bucólicos.

Thursday 16 April 2009

Acalanto.

Quem começa, quem inicia,
não é nem dantes quem finda.
Quem ama, quem por mim clama
muda e re-muda e no fim sempre é chama.

Abraço dos braços, desses agarros
dos raros, de meu e teus amarros.
Das mãos entrelaçadas abençoadas
em festa rebuliço das pessoas amadas.

Quem corre, é lágrima que escorre
que passa e embaça, com sorrir jamais concorre.
Que perde, nem impede,
o beijo que o olhar tanto pede.

Trama, em tantas e conquantas
já deixou-se carinho vir sem contas.
Mas ama, única, uma, a que emana
a calma, da alma que ela embala e não engana.

Thursday 9 April 2009

Outono.

As folhas caem, formam caminhos,
vastos jardins, secos, ocres, mortos.
Morte que vem, transforma-se em frio.
Morte que vem para trazer flores, vida.

Mostra no vento, simplicidade... Silêncio.
Doce murmúrio do vento, uni-se, doce,
ao canto das folhas, estas que se rompem.
Não há mais nada, és pura beleza!

Ao sentar-se sob o manto formado,
sentir a chuva cadavérica,
observe a vida que se movimenta...
Doce, doce clamor lúdico

Como que sentimento, invade.
Como que musa, inspira.
E fechando os olhos,
posso quase tocar, sentir e amar.

Amo a morte que trás,
na certeza de um novo início,
certeza que teu mal é meu bem.
Ah! És o Outono, passageiro.

Sunday 5 April 2009

Wine.


Que é por ele que meu ser pulsa em constância do inconstante,
perdendo os movimentos por saber que já somos nosso momento.
Que é por ele que meu eu exulta nas idas e vindas,
pois é ele que me faz sentir a mais linda.

Como que gritando pelos ventos,
apenas conhecendo os eventos,
eu sinto que não há mais sofrimento,
que contigo tudo já é sentimento.

Tu és aquele que me faz saber,
que existir não é apenas o tal Crer.
Tu és aquele que me faz sorrir
só por saber que não jamais vais partir.

E eu vou contigo para onde for,
vou contigo e todo o meu Amor.
E eu vou contigo para onde for,
vou decorando o caminho com toda-flor.

Contigo e em ti, não haveria de haver um medo.
Contigo e em ti, ganha mais cor todo o meu enredo.
Contigo e em ti, eu sei que sou sendo viva-flor.
Contigo e em ti, eu sei que supero qualquer dor.

E no sem-fim,
desse nosso mundo enfim,
eu grito, eu murmuro, eu clamo:
Pois tu és quem tanto amo.

Saturday 4 April 2009

Não:

Caminha por lá,
volta-se para cá.
Esquece! Já se vá.

Que a formosa te abandonou.
Que a bela já se transtornou.
E no fim ninguém te sobrou.

Sorrio, rindo;
sorrio tão bem fingindo.
Sorriso das cores que fui tingindo.

E paro, e penso.
Reparo, sem senso.
Amparo, e já esqueço.

De tudo que ficou no esquecimento,
de tudo a vir-a-ser sentimento.
Soprando, vagando, como que vento.

Vou, e fico.
Flutuo, e beatifico:
O mal do bem, do bem intrínseco.

Caminha por lá,
volta-se para cá.
Esquece! Já se vá.

Thursday 2 April 2009

I.

Que digo: Tu és rei!
Desse reinado Coração.
Que digo: Tu és tudo que sei!

Um abrigo, um amigo
sem nenhuma razão.

Um amar, um chorar
de todas as coisas que são.

Pois tu és rei!
Desse reinado Coração.
Pois tu és tudo que sei!

Em ciclo, consiso,
é em ti que vivo.

Em sopro disso:
Meu Eu! não sobrevivo.

Para longe de ti
sigo longe de mim,
desde que te vi partir.

Fui contigo sem fim.
Fui sempre te dizendo sim.