Friday 12 December 2008

Certeza.

Ventava nos arbustos, ventava como o último suspiro.
Ventava era no mar, em que Caronte viria, no teu divagar.
Aos teus olhos as moedas do pagamento ele deveria encontrar,
para que assim pudesse te levar, e não te deixar entre os mundos vagar.

No silêncio profundo, por entre os gritos da voz do mundo,
a tua boca veio a selar-se, e de teus lábios nunca mais ouvir,
nunca mais de ti escutar o eu te amo que me tocava fundo,
o eu te amo, que ainda hoje eu queria outra vez sentir.

Subindo por entre as nuvens, lá estava a ave branca a sussurar.
Subindo sim, para alem das nuvens, eu via o teu brilho ir encontrar,
aquele que a tanto você me contava, queria enfim te abraçar.
Que fiquei eu, mesmo a chorar, do pranto me levantar e te olhar.

Brilhavas, feliz, radiante como o mais alvo raio solar
que um dia na terra se propusera a se derramar.
Apenas, era aquilo que me bastava para eu seguir,
para em teu amor me sustentar e na minha vida ainda existir.

Sobre a vida, bem lembro, você dizia que eu nunca devia desistir.
Sobre a vida você me ensinava, antes de tudo, a graça de sorrir.
No fim, você brincava com as mãos pequeninas e meu espirito iluminava,
era você que na dor, era sempre amor. Era a parte que já me faltava;

Mas rias, o riso mais doce, nos lábios mais cativos dos meus,
e mesmo assim, me coração se partia, se despedaçava em um Adeus.
No desejo que em mim ainda ficava, no saber que nunca me abandonara,
e que não era ali que o faria. E no fim com flores te coroara.

No fim, em teu peito minha cabeça eu repousara,
uma última vez, em teus lábios estavam os meus, e a beijara.
No fim, em tua mão eu depositara a carta de amor que te fizera
na primeira olhadela que a anos atrás te dera.

Ventava nos arbustos, ventava como o último suspiro.
Ventava era no mar, pois Caronte já sabia, logo deveria vir me buscar.
Aos meus olhos as moedas do pagamento ele deveria encontrar,
Para que assim pudesse me levar, e não me deixar entre os mundos vagar.

E com todo o prazer eu iria me entregar, na certeza de logo te encontrar.
E na minha mão eu segurava a primeira carta, que dizia: estou a te amar
Que certo dia tu me entregaras, na tua timidez, e ao sussurrar,
Tu declararas: "eu vou, mas não te abandono, eu vou, e lá ficarei a te esperar"

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