Saturday 6 December 2008

Vícios de virtudes.

Ao ópio, ao vinho! Eu vou bem aos vícios me entregar. Vou passar todos os meus futuros a música escutar, as palavras tentar escrever, e quem sabe ainda um curta eu possa me prestar a fazer.

Que a minha mãe já me falou que sou o asco de toda a nação, que de casa meu pai já quis me expulsar. Acho que vou vagar toda a madrugada pelos prados, vou colher as primeiras flores que na manhã irão florescer. Acho que vou gastar todo meu dinheiro em um piano novo e vou tocá-lo todos os dias da minha vida até que meu anjo venha me buscar e deste mundo ridículo me levar.

Eu acho que vou viver até os 80, acho que vou a minha casa no sul da França construir, e a ela vou cercar com as árvores mais floridas. Vou passar meus últimos dias sentada na varanda a observar o tempo passar, exatamente como ontem. Eu acho que já deveria estar fazendo isso, acho que já deveria a tanto tempo ter me entregue aos meus vícios.

Quer saber, de fato nada mesmo já me pertenceu, que nada irá ainda aos meus braços se entregar sem por um momento titubear. Ah! Se eu bem pudesse o espírito hoje e ontem entregar - já o teria feito.Se o botão ‘destruir’ estivesse na minha mão direita eu jamais o apertaria, mas se fosse encontrado na minha mão esquerda eu nada poderia prometer.

Quanto mais poderia deixar qualquer lágrima pela minha face verter, que sou insensível. Que sou também uma mentira - quando afirmo isso. Não deixo a lágrima verter, pois mais me vale sorrir, e se ela verte, ainda assim sorrio.

Sim, eu vou enlouquecer,
Eu vou a minha vida perder.
Meu sangue vai verter,
Em cada linha que eu escrever.

Então me deixe propor,
Antes que eu saia desse torpor:
Deixe em tua mão eu depor,
Aquilo que eu chamo de Amor.

Que ninguém vai me impedir,
Nem em sonho deixarei de sentir,
Os beijos e as carícias do teu permitir,
Pois sei, ainda vais partir.

Meu coração vai se quebrar,
Uma revolução vai estourar.
E a minha vida alguém vai roubar,
Para com ela poder sonhar.

Que isso é mais um jogo e vencer,
Isso é apenas uma chance de esquecer,
Que em outros dias, não vamos mais ser
Nem de perto poderemos nos ter.

Então deixe nessa vida para trás a Dor,
Deixe que com a aquarela eu te encha de cor.
Com as sortes que ainda virarão horror,
Eu vou preencher o envelope com o mais verdadeiro ardor.

Para que na chuva eu possa existir,
Para que em teu abraço eu possa me redimir.
Dos meus pecados assim, eu vou cair.
Vou até as nuvens, como um Anjo subir.

E de lá longe vou gritar:
“Ah! Querida venha agora me segurar,
Venha agora tentar me amordaçar,
Venha mentir que está a me amar”

Sim, eu vou enlouquecer,
Eu vou a minha vida perder.
Meu sangue vai verter,
Em cada linha que eu escrever.

1 comment:

  1. Os meus dias tem sem ter, ainda sim, aquela que entortou com seu pincel de sonhos o vento. Este que era só lamento nas madrugadas frias.
    Ora, era meu cenário favorito. Vagava eu e meu coração sangrento, até que em uma noite com teu planeta fui me deparar.
    Olhei e disse: o Deus-amor mora aqui. Ele disse que iria me resgatar, daquele delírio de um lírio em meu semblante, em meio aquela agonia irritante dos meus dias viciantes. Foi. Ele disse que iria me buscar, me tomar pelas mãos, e me fazer cosmonauta dos sonhos teus. Besteira. O Deus-amor encontrou foi uma estrela, que ali brilha, que ali me faz delirar. Ela, que gasta seu dinheiro com pianos, que desperdiça suas manhãs com malandros, loucos para seu lábio-mel beijar. Algo que eles não sabem, algo que eles são meros demais para reparar. Algo que é o sorriso que flui a essência que o Deus-amor lhe presenteou. Aquela, molhada de chuva. Ela, que irradiava meus olhos com os olhos teus.


    Acordei e estava em paz. Achava que sofrer era amar demais.

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