Monday 22 December 2008

Iê Iê Iê

Um transtorno neurótico que consome a mim como um narcótico, tal devaneio sutil-delicado. Domina-me melindrosamente em um aguardar pelo profano, mostra-se realmente insano. E quanto mais pudera: rio, e rio me perdendo entre desatinados-brandos momentos - vou até a sala de um cinema e já estou em plutão, no piscar dos olhos me encontro a desbravar o meu interior e vai assim sem sequência e nem coerência de lógica esquecida de pulo, salto. Recaio. E cada novo dia de novas luzes em cores, em novas cores em luzes... Vou bem que esquecendo qualquer que tenha sido a lágrima derramada, vou domando as minhas queixas de mal-amada, sim, pois sim, gero mais que tudo um não perante qualquer decepção. E acabo entre mentes de meus atos em constatar, como que por pura clarividência o estopim que já me foi dado (mas isso, ah, isso só serviria para enganar a frustração de saber que estava sempre lá), que não haveria de ser nem por definição boba de um dicionário repleto dos verbetes mais belos e profundos alguém a entender o que se passa em um poeta.

E afinal poetas são almas sem corpo que vagam pelo mundo fazendo os corpos-dos-sem-alma ganharem a maravilha do sentir e jorrar sensibilidade. É assim, como recriações em constante aperfeiçoamento, cada qual em seus momentos de poeta vai de uma ou outra forma tocando aquele que encontra-se ao seu redor, e é inacreditável o quanto uma única pessoa pode tocar a vida de tantas outras, e assim por diante vai-se formando a dita 'corrente do bem' (convenho que não me agracia de modo algum tal termo restritivo a pensares, mas por hoje o intuito de tudo está na busca de passar um entender, o sentir, por hoje, ´deixo-o em segundo plano). Claro que não da maneira utópica que por tantos seria considerada a verdadeira, mas da melhor maneira que qualquer um em sua pequenez e em sua grandeza podem fazer, com pequenos gestos, certos dias com um pequeno sorriso ou apenas um 'olá'.

Por isso me sinto como mais que verossímil como filha de uma natureza esquecida, como um parâmetro perdido pelos conhecimentos antigos, oras mais e oras pois, encontro-me no sentir de mais um dia entre tantos outros englobados na fatalidade de terminarem em lágrimas-sorrisos de uma tristeza-sem-razão de algum lugar perdido em minha própria constelação-aventura, e bem ali grito aos ventos dos meus ou dos apenas teus rebentos:
Choro! Grito! Porque eu posso.
Amo! Sofro! Porque eu sou.
Me cego. Me engano.
Eu, humana, como ti.



Talvez seja de ambos... Ainda não sei, e acredito não querer saber, aproveitemos o mistério de um confiar em desconfiança.

2 comments:

  1. Iê-iê-iê;

    Lembro-me de certa expressão, que afastava tristezas. Certa concetração cômica em um simples som estendido. Vocais consagrados, ternos baratos. Sim, nos lembramos sempre do Iê-iê-iê, senso de revolta e liberdade para tantos.

    Em outro caso reverso do presente, creio eu não conseguir formular algo memorável como senhores poetas-almas, brilhantes como sorrisos em ruas opacas.
    Em minha cidade, digo, distante daqui, algo muito raro de se ver.
    Mas as pétalas sussuram sempre algo bom em meio a insanidade. Já dizendo que a insanidade é algo bom, em momentos estreitos que se estendem e nossas mentes estreitas.

    No fim, somos todos vento.




    ... I'm singin in the rain
    Just singin in the rain,
    What a glorious feeling,
    and I´m happy again... (:

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  2. You got!

    "When you say nothing at all"

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