Thursday 6 November 2008

entre(atos)

Juro.
Era assim que começava cada novo pontinho de tinta esparramado sobre o pergaminho. Era assim que ia ganhando vida cada mínimo instante daquela alma a tanto perdida. Mas era acima de tudo assim que em um dia de noite qualquer pela madrugada de uma manhã de outrem que a bela criança se refazia de fita em fita e ganhava no emaranhado bolo de cores aquele singelo-delicado floreio de um borrão, chamado bem-querer.
E cada dia novo de noite, era mais que um sopro de uma brisa a bagunçar-lhe as mechas negras, era mais que o luar a embelezar os olhos azuis-vítreos, e domar a cada movimento dos flocos de neve a caírem o coração daquela que dizia amar.

Prometo.
Seria o meio mais curto de alcançá-la e por mais que um instante declarar-se. Seria ainda que fosse por pouquíssimo não-tempo a falta de juízo de um lunático perdido a caminho da quinta curva direta para o sol. Mas acima de tudo seria aquela verdade-não-dita que sobe pelo voluptuoso desejo de ansiar que o mundo se acabe e deixar a vida correr como correnteza-riacho direto para o escaldante mar-desejo, e ali se perder de beijo em beijo.
E cada dia novo de noite, seria mais que os abraços indolentes os toques frenéticos de um amor díspare e incauto, seria muito mais que o frescor de uma maresia que passei por sobre o deserto da alma-sem-remorso, e vai assim seguindo via amanhecer-madrugada até aquele dos olhos-vítreos declamando pelo norte de um sul fugido, era a graça-garça que voa para perto dela, era graça-garça de amor-menino.

Sou a amar.
É assim que cada mês de um ano sem medida que ela-ele, os dois como um, na bolha de sabão intocada permanecem a cada instante a cada flúvio de chuva que insiste em correr apenas no plúvio das lágrimas da mãe-moça que teve a filha tirada de súbito. É assim que quero a todo mínimo-cortês rompante, que ele tome pela minha mão todo o meu ser. É acima de tudo assim que eu quero um grande amor, e que ela vá até mim como borboleta-flor-em-flor se encaminha dia-a-dia para seu fim derradeiro da dança de harmonia entre as melodias dos sons-lembranças de outra vida passageira.

Sim.
Busca do eterno-infinito,
do espectro que eu tanto insisto.

Não.
Abandono da maravilha céu-lar
que em novo fim me trará o iniciar.

Sempre.
Das desgraças que tomam a mim
eu saiba que para mim nunca há fim.

Talvez.
É assim que vou conquistando,
é assim que deva eu estar amando.

Ele.
Que já ganhou, já se tornou o cativo
da minha alma-coração, cada vez mais vivo.

Nós.
Duplos ensandecidos da volúpia de um paraíso,
dos entre lírios, dos melindres-sorriso.

E é a cada novo dia de noite é entre os amassos que eu me deixo ficar. E é a cada novo dia de noite que eu peço a Deus-dará que jamais tente me roubar da delicatesse que tornou-se o rubor que as minhas faces de lua-temperal ganham a cada toque de lábios sobre a pele da pétala-em-flor. E é assim acima de tudo, que eu vou abandonar-me agora e para alem, que o ontem já esqueci, só me vale esse vivo-sem-tempo perdido e comedido. Amor que é.

1 comment:

  1. Nunca.
    Saberia eu bordar palavras tão precisas em textos tão harmônicos *-*

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